Um porta-voz do governo da Alemanha disse nesta sexta-feira (22) que Berlim não tem planos atuais de reconhecer um Estado palestino, pois isso minaria os esforços para alcançar uma solução negociada de dois Estados com Israel.
“Uma solução de dois Estados negociada continua sendo o nosso objetivo, mesmo que hoje pareça estar muito distante. (…) O reconhecimento da Palestina provavelmente viria no fim de um processo desse tipo, e tais decisões agora seriam antes contraproducentes”, disse Stefan Kornelius, durante uma entrevista coletiva.
A declaração ocorreu no mesmo dia em que a Classificação Integrada de Segurança Alimentar (IPC), órgão da ONU com sede em Roma, confirmou que a fome já está em curso em Gaza. O diretor de ajuda humanitária da ONU, Tom Fletcher, disse que a crise “poderia ter sido evitada” sem a “obstrução sistemática de Israel”.
Atualmente, três quartos dos 193 Estados-membros da ONU já reconhecem o Estado da Palestina, incluindo o Brasil. Nos últimos meses, Portugal, Espanha, Noruega e Eslovênia aderiram em protesto contra a condução da guerra pelo governo de Binyamin Netanyahu.
No começo de agosto, aliados importantes de Israel, como Reino Unido, França e Canadá, manifestaram disposição de seguir caminho semelhante, caso a crise humanitária na Faixa de Gaza persista.
“A Alemanha tem uma posição diferente”, disse o chanceler Johann Wadephul após visita a Jerusalém. Para ele, o reconhecimento deve ocorrer apenas ao final de um processo de negociação, que precisa começar em breve.
Wadephul ressaltou a “responsabilidade especial” da Alemanha com Israel, decorrente do Holocausto, mas afirmou que a situação em Gaza “não pode e não vai deixar a Alemanha indiferente”.