Análise: Trump vai à guerra, mas corre para sair dela – 22/06/2025 – Mundo

Análise: Trump vai à guerra, mas corre para sair dela


O presidente Donald Trump fez algo que nenhum de seus antecessores desde Jimmy Carter conseguiu: atacou de forma incisiva o Irã, cujo nascimento como República Islâmica em 1979 foi celebrado com a queima de bandeiras americanas e uma humilhante tomada de reféns na embaixada dos Estados Unidos em Teerã.

A ação chamou a atenção, dada a inapetência do republicano pelo papel de potência militar hegemônica de seu país. Trump fez carreira no populismo de direita prometendo nunca mais levar os EUA a atoleiros, e eles se sucedem na história do país desde a Guerra do Vietnã, Iraque e Afeganistão que o digam.

A hesitação de uma semana para entrar no conflito direto iniciado por seu aliado Israel pode ter sido tática, para deixar o Estado judeu fazer o trabalho de suprimir as defesas aéreas iranianas.

Mas há também um componente político, dado que parte importante dos apoiadores de Trump o criticaram por querer ir à guerra, além da proposta ser impopular segundo pesquisas. Isso explica o roteiro narrativo após a execução da ação militar, essa uma operação desenhada há anos e levada a cabo de forma impressionante.

Nada menos que 17 dos 19 bombardeiros B-2, a mais cara máquina voadora já criada, estiveram no ar, entre reservas e iscas, que voaram em uma missão de despiste rumo ao Pacífico enquanto os aviões armados rumavam pelo Atlântico.

Com efeito, desde o momento em que discursou no mesmo local em que Barack Obama anunciou a morte de Osama bin Laden em 2011, Trump se mostrou satisfeito. Disse ter obliterado de forma incontestável o programa nuclear do Irã.

A mesma ladainha foi repetida pelos secretários Pete Hegseth (Defesa) e Marco Rubio (Estado) neste domingo (22): a ação foi devastadora, não estamos em guerra com o Irã, apenas com suas chances de ter a bomba atômica.

É bem possível que o bombardeio tenha aniquilado a estrutura do programa atômico, mas não a qualificação para fazer armas nucleares ou a matéria-prima já acumulada. O fato de que o urânio enriquecido já disponível para, segundo Rubio, até dez ogivas, não ter sido aparentemente atingido na ação sugere que Teerã poderá reter suas capacidades, hipótese aliás aceita pela cúpula militar americana.

Pode ser apenas uma rampa de saída deixada aos aiatolás, dada a precária situação militar deles em caso de os EUA resolverem entrar com tudo ao lado de Israel e atacar de forma sistemática todo o país.

É uma posição impossível para a teocracia, cujo ponto de venda é ideológico. O líder Ali Khamenei sabe que precisa dar alguma resposta militar, mas qualquer opção abre as portas do inferno para seu governo. Se retiver capacidades nucleares, é provável que qualquer acordo de paz tentará coibi-las.

Veja a fortaleza nuclear de Fordow antes e depois do ataque

A imagem mostra uma vista aérea de uma área montanhosa com várias estradas e um grande edifício retangular branco localizado em uma das áreas. O terreno é predominantemente árido e acidentado, com várias elevações e depressões visíveis. Estradas se entrelaçam na paisagem, conectando diferentes pontos da região.

A imagem mostra uma vista aérea de uma instalação em uma área montanhosa. A estrutura principal é um edifício retangular branco localizado na parte inferior da imagem. Estradas se entrelaçam ao redor da instalação, formando um contorno que parece ser uma cerca ou limite. O terreno é árido e montanhoso, com várias formações rochosas visíveis ao redor.

Imagens de satelite mostram a central nuclear subterrânea de Fordow, no Irã, antes e depois de se alvejada por seis superbombas neste domingo pelos EUA

Maxar Technologies/AFP

A ameaça de fechar o Estreito de Hormuz parece um caminho menos direto de confronto, e aí será preciso ver se os EUA reagirão com fogo à espiral inflacionária global que se seguiria à medida, dado o aumento previsível nos preços de energia.

Com tudo isso, o discurso do “já acabou” dos EUA encerra uma tentativa de Trump de sair do conflito sem se chamuscar demais com sua base, além do desgaste natural de uma guerra que pode sair de controle. A narrativa, palava-chave da era trumpista, pode ter de enfrentar a realidade.



Fonte CNN BRASIL

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