As autoridades de saúde palestinas disseram que novos ataques aéreos e bombardeios de Israel em toda a Faixa de Gaza mataram pelo menos 100 pessoas nesta terça-feira (2), 35 delas na Cidade de Gaza, enquanto as forças israelenses afirmam se preparar para a ofensiva no território.
Entre os mortos está o jornalista local Rasmi Salem. O escritório de mídia do governo de Gaza, controlado pelo Hamas, estimou em 248 o número de jornalistas palestinos mortos em ataques israelenses desde o início da guerra.
Em nota na segunda-feira (1º), a Associação de Editores de Meios de Comunicação da União Europeia e da América Latina condenou as mortes de jornalistas ocorridas no território palestino e repudiou a “escalada de violência que hoje dilacera a humanidade”. Segundo o texto da organização, “o assassinato de um jornalista em serviço é um dos ultrajes mais atrozes, comparável apenas ao massacre daqueles que, altruisticamente, socorrem os outros em zonas violentas e, claro, ao massacre de civis indefesos”.
Do lado de fora do hospital Al-Shifa, na Cidade de Gaza, sacos plásticos brancos com cadáveres foram colocados na rua. Multidões choravam por parentes mortos. “Fugimos (de nossas casas) sem nada. Eles foram buscar roupas e comida em suas casas, para trazer roupas para os filhos e comida para si mesmos… e veja agora! Eles voltaram como mártires!”, disse Nasr Nasr, parente de alguns dos mortos.
As Forças Armadas israelenses não responderam imediatamente a um pedido de comentário, mas afirmaram que seus militares estão combatendo terroristas nos arredores da cidade, destruindo túneis e infraestrutura e apreendendo armas do Hamas.
Outras mortes relatadas nesta terça incluem cinco pessoas que estavam em uma fila esperando por comida, em um centro de distribuição de ajuda no sul de Gaza, segundo os médicos palestinos.
Também nesta terça, a Rádio do Exército de Israel informou que cerca de 40 mil reservistas começaram a se apresentar ao serviço. A movimentação faz parte da operação que pretende tomar a Cidade de Gaza e que o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu quer acelerar.
O gabinete de segurança de Israel, presidido por Netanyahu, aprovou no mês passado um plano para expandir a campanha militar de quase dois anos em Gaza para tomar a cidade. Israel atualmente controla cerca de 75% da Faixa de Gaza.
No domingo (31), uma reunião do gabinete teve discussões acaloradas do premiê e seus ministros, que querem acelerar a ofensiva, com o chefe das Forças Armadas, Eyal Zamir, que instou os políticos a chegarem a um acordo de cessar-fogo com o grupo terrorista palestino.
Zamir disse que uma investida militar na Cidade de Gaza colocaria em risco os reféns e sobrecarregaria ainda mais o Exército, de acordo com quatro ministros e dois militares presentes na reunião.
O chefe das forças já havia entrado em conflito com o gabinete anteriormente. Netanyahu disse em 20 de agosto que havia ordenado uma ofensiva mais rápida para tomar a cidade, mas no dia seguinte os militares disseram que os reféns poderiam correr perigo e que qualquer operação não poderia começar em até dois meses, de acordo com um funcionário do círculo de Netanyahu e um oficial da Defesa.
Os militares afirmaram que era necessário mais tempo para ajudar os civis em Gaza, onde a fome se espalhou. Mas pesquisas também mostraram que muitos reservistas estão insatisfeitos com os planos do gabinete, alguns acusando abertamente o governo de não ter uma estratégia coesa, um plano pós-guerra para Gaza ou um parâmetro claro para a vitória.
Embora Zamir tenha questionado a nova ofensiva, ele disse aos reservistas em uma base militar nesta terça que o Exército está preparado para nada menos do que uma “vitória decisiva” e não vai parar a guerra até alcançá-la.
“Estamos nos preparando para a continuação da guerra; vamos aumentar e intensificar os ataques de nossa operação, e é por isso que os chamamos”, afirmou. “Já começamos a operação terrestre em Gaza –não se enganem”, disse Zamir. “Já estamos entrando em lugares onde nunca entramos antes.”