Os bispos católicos romanos dos Estados Unidos repreenderam nesta quarta-feira (12) a agressiva campanha de deportação do governo Trump em uma declaração rara e quase unânime que enquadrou a crise imigratória em termos estritamente morais.
A declaração, aprovada na conferência anual dos bispos em Baltimore, não mencionou o presidente Donald Trump nominalmente, mas o contexto ficou evidente. Os bispos disseram que “se opõem à deportação em massa indiscriminada de pessoas” e “rezam pelo fim da retórica desumanizadora e da violência, seja contra imigrantes ou contra as forças da lei”.
“Nós, como bispos católicos, amamos nosso país e rezamos por sua paz e prosperidade”, diz a declaração. “Por essa mesma razão, nos sentimos compelidos agora, neste contexto, a levantar nossas vozes em defesa da dignidade humana dada por Deus.”
Os bispos, que muitas vezes se dividiram devido à política americana na era do papa Francisco, mostraram-se unidos ao apoiar o papa Leão 14, o primeiro originário dos Estados Unidos, que se manifestou em defesa dos imigrantes e exortou os bispos americanos a fazerem o mesmo.
A declaração, chamada de mensagem especial, é um documento pastoral raro que os bispos podem emitir apenas em sua reunião anual, para abordar circunstâncias urgentes do momento.
A última vez que emitiram uma foi em 2013, em oposição à obrigatoriedade da cobertura de contraceptivos prevista na Lei de Acesso à Saúde do governo do presidente Barack Obama.
Durante meses, os bispos católicos se opuseram às ações federais. Prelados acompanharam migrantes aos tribunais e protestaram contra o projeto de lei de política interna de Trump no Congresso. Mas esta ação envia uma mensagem não apenas ao governo, que inclui muitos católicos de destaque, mas também aos milhões de famílias imigrantes da Igreja.
A declaração foi aprovada por ampla maioria, com 216 votos anônimos a favor. Somente cinco bispos votaram contra e três se abstiveram.
Antes da votação, o arcebispo Paul S. Coakley, da cidade de Oklahoma, recém-eleito presidente da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos, disse aos presentes: “Sou fortemente a favor dela”.
O papa Leão expressou o desejo específico de que os bispos emitissem uma declaração conjunta sobre o assunto no mês passado, quando o bispo Mark J. Seitz, de El Paso, Texas, entregou-lhe pessoalmente cerca de 100 cartas de imigrantes.




