Bolívia: Primeiras eleições sem esquerda em 20 anos – 18/10/2025 – Mundo

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Até parece mais um fim de semana comum em La Paz, com lojas movimentadas, turistas visitando o Mercado das Bruxas e famílias enfrentando as ladeiras da cidade. Mas quando os bolivianos forem às urnas neste domingo (19), estarão vivendo um momento inédito na história política recente do país.

É a primeira vez que o país tem um segundo turno desde a reforma constitucional de 2009, e o evento marca o fim de quase 20 anos de vitórias do MAS (Movimento ao Socialismo).

Com o ex-presidente Evo Morales impedido de tentar um quarto mandato e com o atual governante, Luis Arce, desgastado pela situação econômica e tendo desistido de tentar a reeleição, a esquerda não conseguiu ir além da quarta colocação no primeiro turno, em agosto.

Os candidatos que concorrem no segundo turno são o senador Rodrigo Paz, do Partido Democrata Cristão, e o ex-presidente Jorge Quiroga, da aliança Livre. Ambos têm inclinações de centro-direita e direita.

Rodrigo Paz, 58, é um político de Tarija, no sul do país. É visto como um nome da centro-direita que conseguiu apoio popular em áreas tradicionalmente dominadas pelo MAS e é filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora. Sua plataforma inclui descentralização do Estado e um “capitalismo para todos” para estimular a economia.

“Quero dizer que o presidente libere os combustíveis que estão guardando para prejudicar a população”, disse Paz, ao comentar a crise do governo Arce. Ele prometeu negociar diretamente com distribuidoras para resolver a situação, caso seja eleito.

Tuto Quiroga, 65, é um conservador que já governou a Bolívia de 2001 a 2002, após a renúncia de Hugo Banzer, de quem era vice. Nascido em Cochabamba, ele já tentou a Presidência três outras vezes, tem uma agenda mais voltada ao mercado e propõe cortar empregos públicos e privatizar recursos naturais.

“Os do outro lado dizem que são candidatos da renovação. Olho para eles, têm a idade do meu irmão, e estão há 20 anos dando voltas por aí”, disse Quiroga, em referência ao adversário, ao encerrar sua campanha em Santa Cruz, na terça-feira (14).

Ambos os candidatos enfrentam um cenário difícil para governar, pois não têm uma maioria no Parlamento, e o novo presidente terá que formar alianças em um ambiente propenso à agitação social.

Sem nunca ter liderado as pesquisas, Rodrigo Paz surpreendeu e ficou na frente no primeiro turno, com 32,15% dos votos, seguido por Jorge Quiroga (26,86%), enquanto Samuel Doria Medina ficou com 19,87%. Os votos nulos, defendido por Evo como forma de protesto, totalizaram 19,4%, o que sugere uma considerável base de apoio do líder esquerdista. Os votos em branco foram 2,45%.

Na última pesquisa da Ipsos Ciesmori, encomendada pelo canal Unitel, Tuto Quiroga ampliou a sua vantagem sobre Paz, chegando a 44,9%, ante 36,5% do adversário. A diferença entre os dois cresceu para 8,4 pontos, superando os 7,7 pontos registrados em setembro.

Os indecisos eram 9,3%, 3,7% disseram votar em branco e 5,6% optaram por anular. Tuto tem 55% dos votos válidos ante 45% de Paz. A pesquisa foi feita de 6 a 9 de outubro, com uma amostra de 2.500 entrevistas. A margem de erro é de 2,2 pontos, para mais ou menos, e o nível de confiança é de 95%.

Em uma das linhas de teleféricos que atravessa a cidade, a aposentada María Milagros, 67, explica a um turista chileno um sentimento que resume o cenário eleitoral na Bolívia na véspera do pleito. “Qualquer um deles pode ganhar. Tuto é conhecido por todos e representa a política tradicional e o confronto com Evo Morales; Paz tem apelo entre os mais jovens, apesar de ser filho de um político.”

Nos dias que precedem as eleições de domingo, a atenção dos bolivianos parece estar menos em quem vencerá do que nos problemas do cotidiano, sobretudo a alta dos preços, a disparada do dólar e a escassez de gasolina e diesel. Arce vai entregar um país em dificuldades para conseguir os dólares necessários para importar combustível. O próximo presidente enfrentará esses desafios urgentes.

“As pessoas não querem saber se o próximo presidente vai ser de esquerda ou de direita, só querem alguém que resolva os problemas do país. Ninguém quer ficar horas em filas esperando para abastecer ou ver o salário ficar todo no carrinho de compras”, avalia o professor Guillermo Domingues, 38, em um supermercado no centro de La Paz. Em setembro, a inflação em 12 meses foi de 23,3%, mas era de 6,18% no mesmo período de 2024.

A eleição também é importante para as relações internacionais da Bolívia. Evo e Arce mantiveram laços com países que se opõem aos Estados Unidos, mas tanto Paz como Quiroga indicaram a intenção de melhorar as relações com o governo de Donald Trump. A Casa Branca, por sua vez, vê a mudança de ciclo na Bolívia como uma oportunidade de reaproximação.



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