Brasileiros vítimas de tráfico humano em Mianmar fogem – 12/02/2025 – Cotidiano

Brasileiros vítimas de tráfico humano em Mianmar fogem - 12/02/2025


Após mais de três meses mantidos reféns como vítimas de tráfico humano em Mianmar, os brasileiros Luckas Viana dos Santos, 31, e Phelipe de Moura Ferreira, 26, fugiram e foram resgatados no país asiático, segundo familiares.

Os dois escaparam no último sábado (8) e foram encontrados na segunda-feira (10) por um grupo armado. Segundo familiares, eles conseguiram fugir do local onde eram mantidos reféns junto a um grupo de centenas de estrangeiros, também vítimas de tráfico humano em Mianmar

Após a fuga, eles foram encontrados e detidos por agentes do DKBA (Exército Democrático Karen Budista). O grupo armado é composto por rebeldes dissidentes das Forças Armadas de Mianmar. O país vive sob regime ditatorial militar há quatro anos e é dominado por milícias pró e contra o governo.

Em mensagens enviadas no sábado de um número desconhecido, Phelipe informou ao pai, Antonio Calos Ferreira, que tentariam fugir. “Vamos tentar daqui a pouco. (…) Se acontecer algo comigo saiba que eu tentei ao máximo”, escreveu.

Os brasileiros conseguiram se comunicar com seus familiares da prisão, de onde ainda aguardam transferência à Tailândia com o auxílio de uma organização civil internacional de combate ao tráfico humano. A The Exodus Road confirmou a fuga dos brasileiros e de outros 368 estrangeiros de 21 países.

“Estou me sentindo o homem mais feliz do mundo. Eu pensei que não ia mais conseguir ver meu filho, mas graças a Deus e a ajuda da ONG, conseguimos”, disse o pai de Phelipe.

“A gente está muito feliz, mas preocupados ainda. Já sabíamos da fuga, só que soubemos hoje que foram presos por alguma milícia em Mianmar, e o DKBA pegou eles. Agora, é outra etapa, mas eles ainda correm risco porque, como foi fuga, a máfia ainda pode estar procurando eles”, afirma Ana Paula, prima de Lucka.

Segundo uma porta-voz da Exodus, que há cerca de três meses acompanha o caso dos brasileiros, o Exército Democrático Karen Budista segue “resgatando e verificando” mais de 120 estrangeiros que fugiram do local onde eram mantidos reféns junto aos brasileiros.

“Ao todo, espera-se que 170 vítimas sejam libertas e enviadas para a Tailândia, possivelmente até amanhã (12)”, diz Cintia Meirelles.

Segundo as famílias, o resgate não teve apoio do Ministério das Relações Exteriores e nem da embaixada brasileira.

“O mérito [do resgate] foi todo da ONG [Exodus]. A embaixada [brasileira] só ficou aguardando a boa vontade das autoridades de Mianmar, que não iam fazer nada. Já sabiam onde eles estavam e tinham que ter pressionado mais, mas não fizeram. Quem pressionou foi a ONG”, afirma o pai de Phelipe.

Segundo a porta-voz da Exodus no Brasil, a entidade, enquanto sociedade civil, solicitou ao governo tailandês que um acordo fosse firmado com autoridades de Mianmar para a libertação dos brasileiros e outras centenas de reféns.

“Após essa pressão, foi feito um acordo no qual as 371 vítimas que apresentamos fossem libertas, incluindo Luckas e Phelipe”, diz.

“Desde sábado, tentamos contato com a embaixada do Brasil para falar da fuga e pedir ajuda deles para acionar as autoridades locais, mas não responderam. Ligamos para o Ministério das Relações Exteriores e falaram que não podiam fazer nada. Só hoje [11], entraram em contato comigo para dizer que tinham novidade sobre o meu filho, depois que eu já tinha recebido a notícia da ONG [Exodus], que desde ontem está acompanhando o meu filho e o Luckas lá”, disse o pai de Phelipe.

Segundo Antonio e Ana Paula, Luckas e Phelipe serão mantidos presos na Tailândia até terem acesso aos seus passaportes e o dinheiro das passagens para voltar ao Brasil, o que só seria possível com a ajuda do Ministério das Relações Exteriores brasileiro.

O Itamaraty diz que “tomou conhecimento, com grande satisfação” da liberação dos dois, mas não informou se vai apoiar a repatriação. Segundo o órgão, o Brasil lutou pela libertação desde outubro, e a embaixadora Maria Laura da Rocha “reforçou a necessidade de esforços contínuos para localizá-los e resgatá-los”.

O Ministério das Relações Exteriores alerta para riscos de tráfico humano em ofertas de trabalho por plataformas digitais da Ásia. A pasta indica guias on-line sobre o tema e os perigos específicos das ofertas de emprego no Sudeste Asiático.

Luckas e Phelipe se tornaram vítimas de tráfico humano em Mianmar entre outubro e novembro, após aceitarem supostas propostas promissoras de emprego na Tailândia.

Eles ficaram presos em uma fábrica em Myawaddy, onde eram forçados a trabalhar 15 horas por dia. Sob ameaças e tortura, eles eram forçados a aplicar golpes digitais em pessoas de outros países.

“Meu filho está com o corpo todo machucado de pancadas e choques, de tudo o que fizeram com ele lá, e não só com ele, mas com muitas pessoas de todas as partes do mundo. Agora, o mundo tem que olhar para Mianmar e intervir nessa rede de tráfico humano”, afirmou Antonio Carlos Ferreira, pai de Phelipe.

Os familiares de Luckas e Phelipe afirmaram que autoridades brasileiras davam apenas retornos protocolares e vagos. Procurado uma primeira vez pela reportagem com pedidos de esclarecimentos sobre o caso de Luckas, o Itamaraty afirmou apenas que “por meio das Embaixadas do Brasil em Bangkok e em Yangon, acompanha o caso, está em contato com as autoridades locais competentes e presta assistência consular aos familiares do brasileiro”.

Após repercussão da história, Itamaraty informou que acionou autoridades locais. “Ao longo das últimas semanas, foram realizadas diversas gestões junto ao governo de Mianmar, com vistas a localizar e resgatar os brasileiros — operação que compete às autoridades policiais locais”, afirmou a pasta em nota enviada em janeiro.



Fonte CNN BRASIL

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