Bukele: Reeleição indefinida é caminho sem volta – 13/08/2025 – Latinoamérica21

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Em 31 de julho de 2025, a Assembleia Legislativa de El Salvador aprovou, por 57 votos a favor e apenas três contra, uma emenda constitucional que permite a reeleição indefinida de Nayib Bukele. A medida concretiza, de forma irônica, a autodefinição que o próprio presidente fez em 2021 em sua bio no X: “O ditador mais legal do mundo”.

Desde sua chegada ao poder em 2019, Bukele vem acumulando características típicas de um líder autoritário: submissão do Judiciário ao Executivo, controle do Legislativo, perseguição a jornalistas e opositores sob a Lei de Agentes Estrangeiros e prolongamento do “estado de exceção” para realizar prisões em massa.

Sua popularidade, no entanto, permanece altíssima, sustentada por uma política de segurança que transformou um dos países mais violentos do mundo em um dos mais seguros do hemisfério. A capital mundial do homicídio deu lugar a ruas mais tranquilas, ainda que ao custo de graves violações de direitos humanos contra suspeitos de ligação com gangues.

Para muitos salvadorenhos, a promessa cumprida de reduzir o terror cotidiano vale mais que as liberdades democráticas. Décadas de promessas vazias dos partidos tradicionais Arena e FMLN reforçaram essa troca, abrindo espaço para que Bukele se consolidasse como figura quase intocável.

A reforma aprovada não só ampliou o mandato presidencial de cinco para seis anos, como eliminou o segundo turno eleitoral e antecipou as eleições de 2028 para 2027, coincidindo-as com os pleitos legislativos e municipais para maximizar o arrasto eleitoral do presidente. Medidas semelhantes em seu histórico —como a invasão armada do Congresso em 2020 para pressionar por um empréstimo, a destituição de juízes independentes em 2021 e a renovação ininterrupta do estado de exceção desde 2022— mostram uma estratégia consistente de enfraquecimento institucional.

A oposição, fragmentada e incapaz de oferecer alternativa convincente, limita-se a criticar abusos de direitos humanos, sem perceber que, para a população, as vítimas são as mesmas gangues que por anos mantiveram comunidades reféns. Assim, críticas que, em outros contextos minariam governos, aqui reforçam a imagem de um líder implacável.

A história latino-americana adverte sobre os riscos: Ortega na Nicarágua e Chávez na Venezuela também surgiram como líderes populares prometendo soluções para crises enraizadas. Com o tempo, consolidaram regimes autoritários que suprimiram a alternância de poder. El Salvador pode seguir o mesmo caminho.

Hoje, a reeleição indefinida de Bukele está encoberta por sua popularidade e pela percepção de legitimidade eleitoral. Porém, quando o efeito de sua “paz” se desgastar ou uma crise atingir o país, poderá ser tarde demais para recuperar as instituições. Ao trocar a democracia por segurança imediata, o povo salvadorenho pode estar abrindo mão de liberdades que dificilmente serão reconquistadas.


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