O Parlamento de transição de Burkina Fasso aprovou uma legislação que criminaliza condutas consideradas como promoção de práticas LGBTQ, prevendo multas, penas de prisão e sanções para os condenados, informou o ministro da Justiça do país.
O Código das Pessoas e da Família, que torna Burkina Fasso o mais recente entre uma série de países africanos a criminalizar atividades de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros, também endurece regras sobre nacionalidade e apatridia.
Os militares que tomaram o poder em Burkina Fasso em um golpe em 2022 têm se mostrado cada vez mais intolerantes a minorias e dissidências, em meio à escalada da violência de militantes islâmicos no país da África Ocidental.
A legislação foi aprovada por unanimidade pelo Legislativo, composto por 71 membros não eleitos, e agora aguarda a assinatura do líder da junta militar, Ibrahim Traoré.
“O texto prevê pena de prisão de dois a cinco anos e multa”, disse o ministro da Justiça, Edasso Rodrigue Bayala, na televisão estatal na noite de segunda-feira.
“Uma pessoa que (pratique) atos homossexuais comparecerá perante um juiz e, em caso de reincidência, será deportada, caso não seja nacional de Burkina Fasso”, declarou.
O regime apresentou a lei sob o discurso de modernizar o direito de família e esclarecer as regras de nacionalidade, mas defensores de direitos humanos veem violações de liberdades individuais.
Com a medida, Burkina Fasso se torna o 32º país africano a criminalizar atos homossexuais. Leis anti-gays estão em vigor em nações como Senegal, Uganda e Maláui. Por outro lado, 22 países do continente, entre eles África do Sul, Botsuana e Angola, não punem práticas LGBTQ, tendo descriminalizado ou adotado medidas de proteção.