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Após dias de incerteza e ameaças de escalada na guerra comercial, a Casa Branca sinalizou uma reaproximação com Pequim e confirmou que o encontro entre Donald Trump e Xi Jinping previsto para o fim de outubro deve acontecer.

A mudança de tom ocorre após o presidente dos Estados Unidos ameaçar cancelar a reunião e impor tarifas adicionais de 100% sobre as importações chinesas, em retaliação às novas restrições de exportação de minerais críticos anunciadas por Pequim.

O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou, no domingo (12), que Washington e Pequim mantiveram “comunicações substanciais” durante o final de semana e que Trump e Xi devem se reunir durante a cúpula da APEC, em 31 de outubro e 1º de novembro, na Coreia do Sul.

Segundo ele, o presidente americano passou a acreditar que as restrições chinesas podem ter sido decididas por autoridades de nível inferior, e não diretamente por Xi, sugerindo espaço para negociação.

O gesto conciliador marcou uma mudança brusca no tom da Casa Branca em relação à China. Em uma publicação no Truth Social, Trump afirmou que “tudo ficará bem” e elogiou Xi como um “presidente altamente respeitado”, dizendo que “os EUA querem ajudar a China, não prejudicá-la”.

A reaproximação refletiu-se imediatamente nos mercados. Após um tombo generalizado na sexta-feira (10), o índice Dow Jones disparou 588 pontos nesta segunda (13), e o Nasdaq registrou sua maior alta desde maio.

A trégua temporária acontece após a ameaça de tarifas adicionais, que elevariam a carga total sobre produtos chineses a cerca de 130%, abalar as bolsas com o temor de um colapso nas cadeias de suprimentos globais.

As rusgas entre os dois países aumentaram após Pequim anunciar novas regras para exportação de terras raras, materiais essenciais para semicondutores, veículos elétricos e tecnologia militar, em resposta às restrições americanas sobre chips e inteligência artificial.

Por que importa: a possibilidade de um encontro entre Trump e Xi indica um caminho para redução da tensão entre as duas potências, mas também evidencia a fragilidade estrutural da relação bilateral.

Os episódios mostram que o comércio e a tecnologia continuam no centro da disputa pela liderança global, e que ambos os países estão dispostos a usar tarifas e controles estratégicos como instrumentos de pressão.

pare para ver

“As Festas Noturnas de Han Xizai”, pintura de Gu Hongzhong que registra o momento em que o ministro da corte chinesa Han Xizai se recusava a assumir o cargo de premiê do Imperador Li Yu. Leia mais sobre essa curiosa história aqui.

o que também importa

★ A Guarda Costeira das Filipinas apreendeu um drone subaquático chinês operando ilegalmente nas águas do país no mar do Sul da China. Segundo investigação preliminar, o equipamento, com sensores oceanográficos e capacidade de comunicação criptografada com a China, pode ter sido usado para mapear o fundo marinho com fins militares. Desde 2022, Manila recuperou ao menos cinco desses dispositivos, o que reforça suspeitas de espionagem e monitoramento para apoiar operações navais e reivindicações territoriais de Pequim na região.

★ A China anunciou recompensas de até US$1.400 (aproximadamente R$ 7.699) por informações que levem à prisão de 18 oficiais militares taiwaneses acusados de realizar operações psicológicas e divulgar mensagens “separatistas”. A medida, que Taipé classificou como “despótica”, ocorreu após o presidente Lai Ching-te prometer reforçar a defesa aérea da ilha. Pequim publicou fotos e dados dos acusados e intensificou a retórica contra Lai, enquanto mantém pressão militar e política sobre Taiwan. O gesto, sem efeito prático, reflete a escalada nas tensões com Taipé e no confronto mais amplo com os EUA.

★ A estatal China Mobile anunciou que usará apenas chips produzidos na China em sua maior rede de inteligência artificial até 2028, parte do esforço do país para reduzir a dependência tecnológica e ganhar liderança global no setor. A empresa quer multiplicar por três sua capacidade atual e construir uma gigantesca estrutura de computadores para impulsionar aplicações de IA. Segundo o presidente da companhia, Yang Jie, a nova era tecnológica vai automatizar tarefas repetitivas, enquanto os humanos seguirão à frente na criatividade e nas decisões éticas.

fique de olho

A China manifestou “profunda preocupação” com os intensos confrontos armados entre Paquistão e Afeganistão, que deixaram mortos, interromperam o comércio e levaram ao fechamento de importantes passagens na fronteira de Torkham.

Pequim pediu que os dois países resolvam suas diferenças por meio do diálogo e garantam a segurança de cidadãos e investimentos chineses na região. O governo chinês também sinalizou que pode atuar como mediador e lembrou sua participação em rodadas trilaterais recentes para tentar conter a tensão.

As hostilidades somam-se a um aumento das fricções sobre fronteiras e grupos militantes que operam em ambos os lados.

Por que importa: Paquistão e Afeganistão são peças centrais na estratégia chinesa para conectar a Ásia ao Oriente Médio dentro da Nova Rota da Seda. Uma escalada prolongada pode atrasar projetos bilionários de infraestrutura, afetar corredores comerciais estratégicos e ampliar a instabilidade em uma região crucial para os planos geopolíticos e energéticos de Pequim.

para ir a fundo

• A Rede China e América Latina realiza na manhã do dia 30 de outubro um seminário online para discutir os desafios chineses no século XXI. O evento é gratuito e os interessados podem se inscrever aqui.

• O BRICS Policy Center, instituição vinculada à PUC do Rio, e o The Climate Reality Project Brasil vão sediar um café na quinta (16) para debater as contribuições nacionais do Brasil para a COP 30 à luz dos Brics. O encontro acontece em Laranjeiras e mais informações podem ser lidas aqui.