Zarco Aldinever, considerado número dois da Segunda Marquetalia, dissidência das Farc suspeita no assassinato do presidenciável colombiano Miguel Uribe, morreu nas mãos de rebeldes rivais do grupo de guerrilha ELN (Exército de Libertação Nacional) em território venezuelano, informou o ministro da Defesa colombiano, Pedro Sánchez, nesta segunda-feira (11).
A Segunda Marquetalia, fundada pelo histórico líder das Farc (grupo de guerrilha autodenominado Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), Iván Márquez, voltou a pegar em armas após a assinatura do acordo de paz de 2016. Segundo a inteligência militar, o grupo, que conta com cerca de 2.000 combatentes, é um dos principais suspeitos na investigação sobre o atentado contra Uribe, ocorrido em 7 de junho.
“O ELN assassinou Zarco Aldinever em território venezuelano, muito perto da fronteira com a Colômbia. As razões são as de todo cartel: disputa pelo narcotráfico. Ao que tudo indica, eles mesmos roubaram um carregamento de cocaína e se instaurou uma briga criminosa entre cartéis”, explicou Sánchez em entrevista coletiva em Bogotá.
O ministro não confirmou a data exata da morte de Aldinever, cujo nome verdadeiro era José Manuel Sierra, mas, segundo o centro de investigação Insight Crime, ela ocorreu no início de agosto.
Uribe, senador e pré-candidato presidencial de 39 anos, morreu nesta segunda (11), após ter passado dois meses internado em uma UTI, com múltiplas cirurgias, devido ao atentado a tiros que sofreu durante um ato de campanha em Bogotá.
Seis pessoas estão presas pelo ataque, incluindo o agressor de 15 anos que lhe deu dois tiros na cabeça. “As conclusões que tivemos em matéria de inteligência indicam uma conexão muito importante entre os autores desse magnicídio e o cartel da Segunda Marquetalia”, declarou Sánchez.
De acordo com o Insight Crime, Sierra ingressou nas Farc em 1990, aos 14 anos. Após o acordo de paz, ele reapareceu em 2019, vestido de camuflado e portando um fuzil, ao lado de outros rebeldes, em um vídeo no qual anunciavam o retorno às armas sob a bandeira da Segunda Marquetalia. Ao lado do histórico Iván Márquez, alegaram descumprimento, por parte do Estado, dos termos acordados.
A morte de Uribe, favorito da direita para as eleições presidenciais de 2026, reabre feridas em um país marcado pela violência e pelos atentados contra políticos nas décadas de 1980 e 1990.
O governo do presidente esquerdista Gustavo Petro iniciou diálogos de paz com a Segunda Marquetalia em meados de 2024, na Venezuela, mas as conversas estão suspensas devido à falta de avanços. Sierra era peça-chave das dissidências no tráfico de cocaína nas regiões de Meta, Cundinamarca e Boyacá, no centro do país.