A implosão catastrófica do submersível Titan que matou cinco pessoas em 2023 poderia ter sido evitada, concluiu nesta terça-feira (5) um conselho de investigação da Guarda Costeira dos EUA, classificando a cultura de segurança e as práticas operacionais do veículo como “criticamente falhas”.
O Titan desapareceu durante uma descida aos destroços do Titanic em uma expedição turística, perdendo contato com seu navio de apoio.
Após uma tensa busca de quatro dias, seus restos despedaçados foram descobertos espalhados pelo fundo do mar a 1.600 pés (488 metros) da proa do lendário transatlântico que afundou em 1912, causando mais de 1.500 mortes.
A OceanGate, empresa americana que administrava o submersível turístico, suspendeu todas as operações após o incidente.
Um porta-voz da empresa disse nesta terça que a companhia ofereceu novamente suas mais profundas condolências às famílias dos mortos “e direcionou seus recursos integralmente para cooperar com a investigação da Guarda Costeira até a conclusão”.
O presidente do Conselho de Investigação Marinha da Guarda Costeira dos EUA, Jason Neubauer, disse que o acidente era evitável.
“Há necessidade de uma supervisão mais forte e opções claras para operadores que estão explorando novos conceitos fora do quadro regulatório existente”, afirmou em comunicado, com a divulgação do relatório de 300 páginas.
Chloe Nargeolet, filha do oceanógrafo francês Paul-Henri Nargeolet, que morreu no submersível, disse estar satisfeita com a investigação.
“O chefe da OceanGate não fez seu trabalho adequadamente e obviamente meu pai não sabia nada disso”, disse. “Não foi aleatório ou má sorte, veio de algo. Poderia ter sido evitado.”
O conselho determinou que os principais fatores para o ocorrido foram “o inadequado processo de design, certificação, manutenção e inspeção da OceanGate para o Titan”.
Também citou “uma cultura de trabalho tóxica na OceanGate” e um quadro regulatório inadequado para submersíveis e outros navios inovadores.
O relatório acrescentou que “por vários anos anteriores ao incidente, a OceanGate utilizou táticas de intimidação, permissões para operações científicas e a reputação favorável da empresa para evitar o escrutínio regulatório”.
O conselho descobriu que a OceanGate não investigou nem tratou anomalias conhecidas no casco após sua expedição ao Titanic em 2022. Afirmou que os dados do sistema de monitoramento em tempo real do Titan deveriam ter sido analisados e considerados durante a expedição.
Também criticou a OceanGate por não armazenar adequadamente o Titan antes da expedição ao Titanic em 2023.
O relatório criticou a ausência de uma investigação da Administração de Segurança e Saúde Ocupacional sobre a denúncia de um informante da OceanGate em 2018, combinada com a falta de cooperação governamental, chamando-as de oportunidade perdida, e acrescentou que “uma intervenção precoce poderia ter resultado na OceanGate buscando conformidade regulatória ou abandonando seus planos”.