Dólar fecha a R$ 5,49, e Bolsa cai com escalada de tensão no Oriente Médio

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Após renovar o menor patamar de fechamento de 2025 na véspera, o dólar oscilou forte nesta terça-feira (17) e encerrou com uma leva alta de 0,16%, cotado a R$ 5,496, em linha com a valorização da moeda norte-americana no exterior. No ano, porém, a divisa dos EUA acumula uma queda de 11,05%.

Já a Bolsa recuou 0,29%, a 138.840 pontos, seguindo a tendência de queda dos principais índices europeus, americanos e asiáticos.

Investidores avaliaram de perto a escalada de tensões entre Israel e Irã, que já entram no quinto dia de conflito, e seguiram na expectativa pela superquarta, quando os bancos centrais do Brasil e dos EUA divulgarão as taxas de juros para os países.

A tônica que movimentou os mercados nesta terça-feira continuou sendo o conflito no Oriente Médio. Os óbitos saltaram de 224 para 269 iranianos, mas a transparência do governo teocrata do Irã torna mais difícil aferir a precisão do dano. Do lado israelense, 24 pessoas morreram.

O conflito começou na última sexta (13), quando Israel realizou um ataque surpresa que matou quase todo o alto escalão dos comandantes militares do Irã e seus principais cientistas nucleares. Israel diz que agora tem o controle do espaço aéreo iraniano e que pretende intensificar a campanha nos próximos dias.

Agentes do mercado financeiro voltaram a temer a escalada de tensões. Diante desse cenário, o dólar em geral é visto como um ativo seguro e tende a ser favorecido pelo sentimento de aversão ao risco que domina os mercados, o que ocorreu nesta terça. A divisa se valorizou frente à maioria das principais moedas globais. O índice DXY, que mede a força do dólar frente a uma cesta de seis divisas, subia 0,85%, a 98,83, ao fim da sessão.

Pela manhã, a moeda norte-americana chegou a recuar firme, a caminho de renovar a menor cotação do ano pelo segundo dia seguido. Na mínima do dia, às 11h07, chegou a cair 0,40%, a R$ 5,465. No início da tarde, rondou a estabilidade, mas passou a subir em meio aos desdobramentos do conflito entre Israel e Irã. Na máxima, às 15h41, avançou 0,34%, a R$ 5,506.

“Por trás do vai e vem está o cenário lá fora, de bastante cautela com a situação do Oriente Médio. Qualquer notícia nova acaba mexendo com os ativos de risco, o que dá suporte ao dólar como fonte de segurança”, disse João Duarte, especialista em câmbio da One Investimentos.

Entre as principais notícias, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que o líder do regime, aiatolá Ali Khamenei, é “um alvo fácil”, mas que os Estados Unidos não irão matá-lo -“ao menos não por enquanto”.

“Sabemos exatamente onde o chamado “Líder Supremo” está se escondendo. Ele é um alvo fácil, mas está seguro lá. Não vamos tirá-lo de lá (matar!), pelo menos não por enquanto”, disse Trump em uma postagem no Truth Social nesta terça.

Trump também exigiu que a teocracia persa se renda incondicionalmente.

Já Israel atingiu dezenas de alvos ligados aos programas nucleares e de mísseis balísticos do Irã e lançou uma guerra cibernética maciça sobre o país. O Irã seguia com ataques aéreos contra Israel.

Na perspectiva de Alison Correia, analista de investimentos e co-fundador da Dom Investimentos, há uma “lambança de sangue” ocorrendo que pode ser duradoura.

“Todos acreditam que um ataque muito mais agressivo possa vir. Uma bomba muito mais catastrófica pode ser enviada nas próximas horas por Israel. Então o mundo está tenso por isso”, disse Correia.

Os mercados estão pessimistas, conforme o confronto entre Irã e Israel ameaça transformar o Oriente Médio, região rica em petróleo, em um ponto crítico.

As ações europeias caíram para o menor nível em quase um mês nesta terça-feira. O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em queda de 0,85%, a 542,26 pontos. Índices de Frankfurt, Madri, Milão e Lisboa encerraram com baixa de mais de 1%.

Os principais índices de Wall Street também registraram forte queda nesta terça-feira com o conflito entre Irã e Israel no radar. Segundo dados preliminares, o Dow Jones caiu 0,70%, a 42.215,80 pontos. O S&P 500 teve queda de 0,84%, a 5.982,72 pontos, enquanto o Nasdaq Composite recuou 0,91%, a 19.521,09 pontos.

Embora ainda não tenham surgido problemas no fornecimento de petróleo, a mera ameaça do conflito deixa os mercados em alerta máximo.

“A questão maior é o que acontecerá no Estreito de Ormuz e, se houver um fechamento, isso terá implicações para os preços do petróleo”, disse Jukka Jarvela, chefe de ações listadas na Mandatum Asset Management.

Os preços do barril de Brent, referência mundial, e do WTI (West Texas Intermediate), referência nos EUA, fecharam com alta de 4,30% e 4,24% -apesar de as principais infraestruturas e fluxos de petróleo e gás terem sido poupados de impactos substanciais até o momento.

A alta impulsionou as ações do setor de energia, que subiram 1,91% neste pregão. Os papeis da Petrobras estavam entre os maiores destaques, com a PETR3, ações ordinárias, fechando com alta 3,06%, a R$ 35,99, e a PETR4, ações preferenciais, se valorizando 2,35%, a R$ 32,97.

Os investidores também estiveram à espera da superquarta, quando os bancos centrais dos Estados Unidos e do Brasil divulgam, no mesmo dia, a nova taxa de juros para os países.

Os agentes financeiros estão se posicionando para uma série de decisões de política monetária nesta semana, incluindo do Fed (Federal Reserve, o BC americano) e do Banco Central do Brasil.

A autoridade monetária norte-americana divulgará sua decisão na quarta (18), com ampla expectativa de que mantenha a taxa de juros inalterada mais uma vez na faixa de 4,25% a 4,50%, enquanto avalia os impactos econômicos das políticas do governo Trump.

Nesta terça, dados divulgados pelo Departamento do Comércio dos EUA reforçam a expectativa de manutenção da taxa de juros por lá. As vendas no varejo caíram 0,9% em maio -recuo maior do que esperado. Já os gastos do consumidor americano, que respondem por mais de dois terços da economia, sofreram uma forte desaceleração no primeiro trimestre e podem permanecer moderados no trimestre de abril a junho.

Na perspectiva de Paulo Silva, co-fundador da consultoria Advisory 360, deve pesar na decisão da autoridade monetária americana os riscos geopolíticos, como as tensões entre Israel e Irã, e a volatilidade nos preços do petróleo, reforçando uma postura mais prudente no curto prazo.

“O foco do mercado não estará na decisão em si, mas sim no gráfico de projeções de juros e nas palavras de Jerome Powell [presidente do Fed] durante a coletiva”, disse Silva.

No Brasil, o Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, se reúne nesta terça (17) e quarta-feira (18) para definir a taxa básica de juros (Selic).

O BC brasileiro entrará no encontro desta semana com suas opções em aberto, com as apostas de investidores divididas entre a manutenção dos juros em 14,75% ano -com 68% de chance- e uma alta de 0,25 ponto percentual -com 32%- para o anúncio de quarta-feira, segundo dados da LSEG.

“Por ora, o cenário mais provável é de manutenção ou, no máximo, uma leve alta de 0,25 ponto percentual, mas nada de queda por enquanto”, afirmou Ian Lopes, especialista da Valor Investimentos.

“Vale lembrar que uma Selic mais alta tende a favorecer o ingresso de capital especulativo, o que é positivo para o real e para a taxa de câmbio”, disse Cristiane Quartaroli, economista chefe do Ouribank.

Ainda na cena doméstica, as atenções seguiram voltadas para o impasse em torno da tentativa do governo de elevar as alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

O plenário da Câmara dos Deputados aprovou na noite desta segunda-feira requerimento de urgência de projeto que derruba o novo decreto do IOF publicado pelo Executivo na semana passada.

Para Quartaroli, do Ouribank, o projeto para derrubar as mudanças do IOF gera incerteza adicional no mercado, o que contribui para uma maior volatilidade do dólar frente ao real.

O placar, de 346 a 97, sinaliza uma derrota ao governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e reflete a insatisfação dos parlamentares, segundo líderes dos partidos. Eram necessários 257 votos de 513 para aprovar a urgência.

Depois da votação, Hugo Motta escreveu em uma rede social que o resultado da votação desta segunda foi um recado claro da sociedade. “Toda essa discussão sobre as contas não é sobre quem mora na cobertura ou no andar de baixo”, disse Motta, para quem “todos nós que moramos no mesmo prédio.”



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