A presidente nacional do PSOL, Paula Coradi, teve o visto americano cancelado pelo governo de Donald Trump. A decisão foi comunicada a ela nesta semana, por meio de uma troca de e-mails com o consulado dos Estados Unidos em São Paulo.
Na segunda (22), o consulado afirmou ter “obtido informações” que tornariam Coradi inelegível para entrar no país, sem detalhar quais seriam elas. Procurado pela coluna, a representação diplomática não respondeu às tentativas de contato.
A decisão, segundo e-mail enviado à presidente, foi fundamentada na seção 221(i) da Lei de Imigração e Nacionalidade, que permite a revogação do visto mesmo após a emissão. O órgão deu três dias úteis para que a dirigente apresentasse explicações.
Coradi respondeu dizendo ter recebido a notificação “com surpresa”, declarou não ter antecedentes criminais nem envolvimento em atividades ilícitas e reiterou que sempre prestou informações verídicas em seus pedidos de visto. Solicitou ainda que fossem apresentados os fundamentos da alegada inelegibilidade.
Ela obteve aprovação em 2018 e novamente em 2025, após o extravio de seu passaporte, para viajar a Chicago no começo do ano.
Dois dias depois, o consulado acusou o recebimento da manifestação. Mas, em nova mensagem, confirmou o cancelamento do visto. Alegou que a resposta não foi suficiente para comprovar a elegibilidade da presidente do PSOL.
“É um motivo político, não tem outro além desse”, disse Coradi à coluna. “Não é um ataque pessoal, mas um ataque ao PSOL pelo nosso comprometimento com a soberania.”
Ela teme que o cancelamento do visto afete eventuais agendas e sua articulação política nos Estados Unidos, mas afirma não ter grandes interesses em passar férias no país.
Para receber o visto novamente, Coradi terá que iniciar um novo processo regular. O consulado informou que não responderá a pedidos adicionais de revisão do caso.
Desde o início do mandato de Trump, os EUA já suspenderam vistos de sete ministros do STF, do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e da família do ministro da Saúde, Alexandre Padilha —incluindo o da filha dele, de apenas dez anos.