O Comitê de Supervisão e Reforma do Governo da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, liderado por republicanos, divulgou nesta terça-feira (2) mais de 33 mil páginas de arquivos relacionados ao financista Jeffrey Epstein, condenado por crimes sexuais e morto em 2019, enquanto a liderança do partido buscava encerrar uma iniciativa bipartidária de dois parlamentares para forçar uma votação sobre o assunto na Casa.
O caso de Epstein, que cometeu suicídio na prisão, tem causado dor de cabeça ao presidente Donald Trump depois que muitos de seus apoiadores abraçaram uma série de teorias da conspiração em torno do financista e suas relações com políticos e celebridades. O presidente foi amigo de Epstein por 15 anos.
Uma pesquisa Reuters/Ipsos de julho registrou que a maioria dos americanos e dos republicanos acredita que o governo está escondendo detalhes sobre o caso.
A proposta apresentada pelo deputado republicano Thomas Massie, da Virgínia Ocidental, e pelo deputado democrata Ro Khanna, da Califórnia, exigiria que a procuradora-geral dos EUA —a secretária de Justiça, Pam Bondi— divulgasse todos os arquivos não confidenciais do caso Epstein em posse do Departamento de Justiça, incluindo do FBI e dos escritórios dos procuradores dos EUA. Massie e Khanna realizarão uma entrevista coletiva com vítimas de Epstein na manhã desta quarta-feira (3).
O presidente da Câmara, o republicano Mike Johnson, disse a repórteres que a petição de Massie foi “redigida sem habilidade” e carecia de linguagem cautelosa o suficiente para proteger as identidades das vítimas que foram abusadas sexualmente por Epstein.
Johnson também disse que a petição é “irrelevante” devido à divulgação das milhares de páginas feita pelo comitê. “É supérfluo neste momento, e acho que estamos alcançando o fim desejado aqui”, disse Johnson.
O comitê intimou o Departamento de Justiça e o espólio de Epstein para obter documentos, além de ter convocado a ex-namorada e cúmplice condenada de Epstein, Ghislaine Maxwell, para um depoimento.
Epstein e Trump foram amigos por quase 15 anos, convivendo desde meados de 1990. Eles se conheceram na região de Palm Beach, na Flórida, onde ambos tinham propriedades e, por isso, frequentavam jantares e festas em ambientes como a mansão de Epstein em Nova York e o clube de Trump Mar-a-Lago, na Flórida, além de viajarem em jatos particulares do financista, cuja origem da riqueza nunca foi bem explicada.
Trump chegou a descrever Epstein como um “cara incrível” e afirmou: “Ele gosta de mulheres bonitas tanto quanto eu, e muitas delas são mais jovens”.
A amizade terminou por volta de 2004, após um desentendimento relacionado a uma propriedade imobiliária que ambos disputaram e o presidente conseguiu arrematar. Trump disse ter banido Epstein de seu resort devido a seu comportamento inadequado com a filha de um membro.
O republicano nunca foi acusado de qualquer irregularidade relacionada ao caso Epstein e negou ter conhecimento dos abusos de jovens mulheres pelo financista.