Os Estados Unidos anunciaram nesta quarta-feira (9) novas sanções contra entidades e uma pessoa ligadas ao programa nuclear do Irã, dias antes do início das negociações sobre este tema entre os dois países.

O Departamento do Tesouro informou a imposição de sanções a cinco entidades, entre elas a Organização de Energia Atômica do Irã e uma pessoa por seu apoio a grupos “que gerenciam ou supervisionam o programa nuclear do Irã”.

“A busca irresponsável do regime iraniano por armas nucleares continua sendo uma grave ameaça aos Estados Unidos, à estabilidade regional e à segurança mundial”, disse o secretário do Tesouro, Scott Bessent, citado no comunicado.

Donald Trump anunciou de surpresa na última segunda-feira (7), durante visita à Casa Branca do primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, que seu governo negociaria de forma direta com o Irã sobre seu programa nuclear e que uma reunião de alto nível estava planejada para este sábado (12), apesar de as relações diplomáticas entre os dois países estarem rompidas desde a Revolução Islâmica, de 1979.

O republicano também repetiu a opção de fazer uso da força militar caso o Irã não aceite um acordo sobre seu programa nuclear, mas tem focado buscar uma solução diplomática. No entanto, na segunda-feira, Trump advertiu Teerã de que o país estaria em “grande perigo” se as negociações fracassassem.

Os dois lados disputam a forma como os diálogos irão ocorrer desde que o governo abriu uma porta ao diálogo ao mesmo tempo em que ameaçou bombardear o país por sua aliança com os houthis no Iêmen. O regime persa tem reiterado que as conversas serão feitas de forma indireta.

Antes das negociações que os dois países iniciarão no fim de semana em Omã, o chanceler iraniano, Abbas Araghchi, alertou contra um possível ataque militar contra o Irã, uma medida que Netanyahu considerou inevitável caso os diálogos entre Washington e Teerã não tragam resultados.

“Para avançarmos hoje, devemos primeiro concordar que não pode haver nenhuma ‘opção militar’, muito menos uma ‘solução militar'”, escreveu Araghchi em artigo no jornal The Washington Post, publicado na terça (8), afirmando que “a orgulhosa nação iraniana, em cuja força meu governo se baseia para uma verdadeira dissuasão, nunca aceitará a coerção e a imposição”.

“Não podemos imaginar que Trump queira se tornar outro presidente americano mergulhado em uma guerra catastrófica no Oriente Médio, um conflito que se espalharia rapidamente por toda a região e custaria mais do que os trilhões de dólares dos contribuintes que seus antecessores queimaram no Afeganistão e no Iraque”, afirmou.

O Irã diz desenvolver um programa nuclear para fins civis, especialmente a geração de eletricidade.

Os países ocidentais desconfiam dessa justificativa, e alguns líderes, especialmente Trump, suspeitam que Teerã esteja tentando desenvolver armas nucleares, acusações rejeitadas pelo regime teocrático.