O ex-presidente da Bolívia Evo Morales, foragido da Justiça, disse em entrevista à agência de notícias AFP que continuará “lutando nas ruas e nas estradas”, dada a provável vitória de seus oponentes de direita nas eleições do próximo domingo (17).
O líder indígena, que governou de 2006 a 2019, pretendia concorrer a um quarto mandato nessas eleições, mas foi impedido por uma decisão do Tribunal Constitucional que declarou que ninguém pode governar o país por mais de dois mandatos.
Desde o ano passado, ele se refugiou em Lauca Eñe, uma pequena cidade em Cochabamba, para escapar de um mandado de prisão por suposto tráfico de menores enquanto era presidente, acusação que ele nega.
De acordo com Evo, ele não deixará a Bolívia mesmo que a direita vença o pleito após 20 anos de domínio do Movimento ao Socialismo —partido que ele liderou antes de se afastar este ano devido à sua disputa com o atual presidente, Luis Arce.
“Vou me defender, não vou embora. Dizem: ‘Ele vai fugir para Cuba’. Eu não vou fugir”, disse o líder.
Pesquisas preveem um duelo acirrado entre o milionário Samuel Doria Medina e o ex-presidente Jorge Quiroga (2001-2002), que devem se enfrentar em um segundo turno em 19 de outubro.
Ambos são ferrenhos oponentes de Evo. “Estou com o meu povo, não abandonarei o povo boliviano”, enfatizou o ex-presidente, que se exilou por um ano em 2019 após ser forçado a renunciar em meio a protestos, sob acusações de fraude nas eleições daquele ano.
Nesse sentido, ele indicou que não dará trégua ao próximo governo e que retornará à “batalha nas ruas e nas estradas”. Evo liderou protestos violentos e bloqueios de estradas contra Arce, a quem acusou de excluí-lo da disputa eleitoral em conluio com os juízes do país.