As famílias dos reféns israelenses mantidos em Gaza pediram nesta segunda-feira (6) ao Comitê Norueguês do Nobel da Paz que conceda o prêmio ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por seus esforços para garantir a libertação de seus parentes e avançar nas negociações de cessar-fogo.
Na véspera do dia 7 de outubro, que marca dois anos do ataque terrorista do Hamas, o Fórum de Famílias de Reféns e Desaparecidos, que representa a maioria dos familiares em Israel, afirmou em comunicado ter enviado uma carta ao comitê pedindo que Trump seja laureado nesta sexta-feira (10).
“No exato momento, o plano abrangente do presidente Trump para libertar todos os reféns restantes e finalmente pôr fim a esta guerra terrível está sobre a mesa. Pela primeira vez em meses, temos esperança de que nosso pesadelo finalmente chegará ao fim”, escreveu o Fórum, referindo-se às tratativas que começaram no Egito, baseadas na proposta americana.
Apesar das acusações de genocídio, de dezenas de milhares de mortes e de uma crise humanitária sem precedentes, a guerra em Gaza completa dois anos com o quadro mais promissor para a implementação de uma trégua duradoura desde em outubro de 2023.
Pressionados por Trump e por países árabes e muçulmanos, representantes de Israel e do grupo terrorista Hamas iniciaram nesta segunda-feira (6), no Egito, uma nova tentativa para discutir os detalhes do plano de paz proposto pelos Estados Unidos.
“Desde o momento de sua posse, [Trump] nos trouxe luz em nossos tempos mais sombrios”, disse o Fórum, expressando gratidão pelas dezenas de reféns vivos e mortos que foram devolvidos por meio do cessar-fogo mediado pelos EUA entre janeiro e março.
“No último ano, nenhum líder ou organização contribuiu mais para a paz ao redor do mundo do que o presidente Trump. Enquanto muitos falaram de forma eloquente sobre paz, ele a alcançou”.
A carta, no entanto, não constitui uma nomeação formal de Trump, já que o Fórum não é qualificado para submeter candidatos ao Nobel da Paz. Entre os nomeadores elegíveis estão membros de governos nacionais, professores universitários e laureados anteriores.
Trump, que faz campanha aberta para o Nobel, tem afirmado em diversas ocasiões —inclusive na Assembleia Geral da ONU— que encerrou sete guerras em seu segundo mandato, uma declaração com imprecisões e distorções. Segundo o jornal norueguês Dagens Næringsliv, o americano ligou para o ministro das Finanças do país em julho para discutir o prêmio.
Já o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, um dos maiores aliados de Trump, disse ter indicado o republicano ao Nobel em uma carta enviada ao comitê. O primeiro-ministro cambojano, Hun Manet, repetiu o gesto após o cessar-fogo entre Camboja e Tailândia em julho. Contudo, essas nomeações só serão válidas para o prêmio de 2026, já que o período de submissão de indicados ao Nobel de 2025 terminou em 31 de janeiro.
Armênia e Azerbaijão sinalizaram apoio à candidatura após uma cúpula na Casa Branca, em 8 de agosto, que resultou em um acordo conjunto entre o premiê armênio, Nikol Pashinyan, e o presidente azeri, Ilham Aliyev. Líderes de Ruanda e República Democrática do Congo também apoiaram Trump por seu papel no fim de décadas de conflito.
Trump não seria o primeiro presidente americano agraciado. Barack Obama recebeu o Nobel da Paz em 2009 por seu trabalho em prol do desarmamento nuclear. A escolha foi criticada por ele estar no início do mandato e ainda envolvido em guerras.
Se vencer, Trump se juntaria a Obama, Theodore Roosevelt (1906), Woodrow Wilson (1919), Jimmy Carter (2002), Al Gore (2007), Henry Kissinger (1973) e Martin Luther King (1964).