A ativista sueca Greta Thumberg anunciou em suas redes sociais um novo esforço para desembarcar suprimentos na Faixa de Gaza. Desta vez, a Global Sumud Flotilla, nome da nova flotilha de ajuda humanitária e protesto, tentará aportar dezenas de embarcações no território conflagrado por Israel desde o ataque terrorista do Hamas, em 2023.
“Em 31 de agosto, vamos iniciar a maior tentativa já realizada de romper o bloqueio ilegal israelense de Gaza, com dezenas de barcos partindo da Espanha. Vamos nos unir a outras dezenas de embarcações em 4 de setembro, que zarparão da Tunísia e de outros portos”, declarou Greta no Instagram.
Personalidades públicas participam da convocação, como a atriz americana Susan Sarandon e o ativista brasileiro Thiago Ávila, que foi preso por forças israelenses na empreitada anterior do grupo, no começo de junho.
Ao lado de Greta, da eurodeputada franco-palestina Rima Hassan e de outros manifestantes, Ávila integrou a missão patrocinada pela Flotilha da Liberdade, coalizão internacional de movimentos que atuam contra o bloqueio imposto por Tel Aviv em Gaza. A bordo do veleiro Madleen, o grupo de 12 pessoas foi interceptado pela marinha israelense a 180 km da costa no dia 8 de junho.
Ávila ficou preso por cinco dias, isolado em solitária e sob maus tratos, segundo sua família. Após intervenção do Itamaraty, acabou sendo expulso do país. Em seu perfil nas redes sociais, onde tem mais de 800 mil seguidores, o ativista mobiliza apoio a causas ligadas à Palestina, mas também a questões como o enfrentamento das mudanças climáticas. Ações midiáticas, com transmissões ao vivo em situações de perigo, são comuns em sua trajetória.
Não deve ser diferente agora. A Global Sumud, batizada com o termo palestino para “resistência”, lista delegações de 44 países e tem um site com formulários para quem deseja participar do protesto como membro de tripulação ou de times de apoio em terra. Os organizadores não revelam quantas embarcações nem quantas pessoas já estariam envolvidas na manifestação.
A página do movimento explica aos interessados que há risco na empreitada. “Mas o maior perigo reside em permitir que Israel e seus aliados cometam genocídio impunemente. Israel tem um histórico documentado de uso da força contra frotas humanitárias. No entanto, a atenção internacional altera o cálculo”, diz o site.
“Os riscos que enfrentamos são pequenos em comparação ao que os palestinos enfrentam todos os dias: fome, deslocamento e bombardeios.”
Em maio, uma primeira tentativa de levar ajuda à Gaza foi interrompida por drones de Israel, segundo denúncia de Ávila e outros participantes da Flotilha da Liberdade. A embarcação Conscience, que levava 80 integrantes, foi atingida próximo a Malta, na primeira tentativa de furar o atual bloqueio, em vigor desde março. Em 2010, uma flotilha de sete embarcações, incluindo a turca Mavi Marmara, foi atacada por Israel —nove pessoas morreram e 50 ficaram feridas.
A organização atual também se prepara para a disputa de narrativa nas redes sociais. Além da polarização mundial em torno da guerra, há o próprio governo israelense, que chamou o primeiro de protesto de “iate das selfies”. A provocação seguiu após os tripulantes serem expulsos: “Tchau, tchau. E não se esqueçam de tirar uma selfie antes de partirem”.
Na semana passada, o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, anunciou uma nova ofensiva para assumir o controle da Cidade de Gaza, provocando reações da comunidade internacional. Países como Canadá e Austrália anunciaram que vão reconhecer o Estado palestino, e o governo alemão, liderado por Friedrich Merz, restringiu a venda de armas para Israel, um movimento inédito.