O presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o dirigente da China, Xi Jinping, condenaram Israel pelos ataques ao Irã e concordaram que a desescalada do conflito é necessária, afirmou o Kremlin após conversa telefônica entre os dois nesta quinta-feira (19).
Putin e Xi “condenam fortemente as ações de Israel, que violam a Carta da ONU e outras normas do direito internacional”, disse o assessor do Kremlin, Iuri Uchakov, aos jornalistas. Ele afirmou que tanto Moscou quanto Pequim acreditam que não há uma solução militar para a situação atual e as questões relacionadas ao programa nuclear do Irã. “Essa solução deve ser alcançada exclusivamente por meios políticos e diplomáticos.”
Sem nomear os Estados Unidos, Xi afirmou durante a ligação que “grandes países” com “influência especial” na região devem intensificar os esforços diplomáticos para acalmar a situação, segundo a agência oficial de notícias chinesa Xinhua.
“As partes em conflito, especialmente Israel, devem cessar os combates o mais rápido possível para evitar um ciclo de escalada e evitar resolutamente a propagação da guerra”, disse Xi. O dirigente chinês também pediu esforços para proteger os civis, apelando a Israel e ao Irã para facilitarem a retirada de cidadãos de outros países.
A Rússia fez ainda um alerta sobre uma catástrofe caso o conflito Israel-Irã se agrave ainda mais e pediu aos EUA que não se juntem ao bombardeio de Israel —o presidente Donald Trump tem feito suspense sobre o que seria uma nova intervenção de Washington no Oriente Médio.
Putin disse a jornalistas nas primeiras horas desta quinta que Israel havia prometido à Rússia que os trabalhadores de Moscou —que estão construindo mais instalações nucleares em Bushehr, no Irã— estariam seguros, mesmo com o Exército israelense tentando degradar as capacidades nucleares do Irã pela força.
O chefe da corporação estatal de energia nuclear da Rússia, Rosatom, alertou que a situação em torno da usina está repleta de riscos. “Se houver um ataque à unidade operacional de primeira potência, será uma catástrofe comparável a Tchernóbil“, disse Alexei Likhatchev, citado pela agência de notícias estatal RIA.
Nos últimos dias, Putin tem mantido contato com Trump, com o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, e com o presidente iraniano, Masoud Pezeshkian. Ele tem reiterado que a Rússia está disposta a mediar entre as partes em conflito, mas, até agora, ninguém aceitou.
Nesta quinta, Putin reiterou essa proposta na ligação telefônica com Xi, um aliado próximo. O líder chinês expressou apoio à ideia, disse Uchakov, “pois acredita que poderia ajudar a desescalar a situação aguda atual”. A leitura oficial chinesa não mencionou tal apoio de Xi à proposta do russo.
Pequim tem apoiado Teerã como parte dos esforços para aprofundar sua influência estratégica e econômica no Oriente Médio. Estendendo uma linha de crédito financeiro ao Irã em meio às sanções dos EUA, a China compra até 90% das exportações de petróleo bruto do Irã, segundo analistas, em operações de transbordo na costa da Malásia.