O ministro interino das Relações Exteriores do governo rebelde houthi no Iêmen, Abdulwahid Abu Ras, disse à Reuters que 43 funcionários locais das Nações Unidas detidos no Iêmen enfrentarão julgamento sob suspeita de ligação com um ataque aéreo israelense que assassinou líderes sêniores da milícia em agosto, disse à Reuters
Em agosto, Israel mirou o chefe do Estado-Maior, o ministro da Defesa e outras figuras importantes do grupo em ataques aéreos em Sanaa, capital do Iêmen controlada pelos houthis. O então primeiro-ministro do governo houthi, Ahmad Ghaleb al-Rahwi, e outros ministros foram mortos nos ataques.
Pelo menos 59 funcionários da ONU estão sendo mantidos presos pelos houthis, segundo as Nações Unidas, que rejeitaram repetidamente as acusações e condenaram o que chamam de detenções arbitrárias.
A ONU pede a libertação imediata de seus colaboradores e outros detidos. Os réus são iemenitas e, de acordo com a lei do Iêmen, podem enfrentar a pena de morte.
“As medidas tomadas pelos órgãos de segurança foram realizadas sob total supervisão judicial. O Ministério Público foi informado passo a passo de cada ação tomada”, disse Abu Ras em entrevista à Reuters.
“Portanto, uma vez que o Ministério Público está informado, é certo que esse processo está caminhando para sua conclusão, levando a julgamentos e à emissão de decisões judiciais”, afirmou.
Abu Ras disse, sem apresentar provas, que uma célula dentro do PMA (Programa Mundial de Alimentos) estava claramente envolvida em direcionar ataques ao governo. Não houve comentário imediato do PMA.
As detenções mais recentes ocorreram depois que forças de segurança houthis invadiram vários escritórios das Nações Unidas em Sanaa no domingo (26).
A ONU acusou os houthis de tomarem medidas que tornaram cada vez mais difícil para a entidade fornecer assistência aos necessitados no Iêmen.
O ministro interino das Relações Exteriores disse que o governo está apoiando outras organizações humanitárias. “Deixamos claro, em um comunicado do Ministério das Relações Exteriores, que apoiaremos e auxiliaremos as organizações comprometidas com os princípios do trabalho humanitário, facilitando suas atividades e operações”, afirmou.
No último dia 22, 12 membros do pessoal internacional da ONU que haviam sido retidos no complexo da organização no Iêmen deixaram Sanaa em um voo humanitário das Nações Unidas, destacou um comunicado divulgado pelo porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres.
Os houthis controlam grandes partes do Iêmen, incluindo a capital, desde que tomaram o poder entre 2014 e o início de 2015.
Israel lançou uma ampla campanha militar contra os aliados do Irã depois de ser atacado pelo Hamas em 2023, incluindo os houthis.
Os houthis têm disparado mísseis, foguetes e drones em direção a Israel, no que dizem ser atos de solidariedade aos palestinos na Faixa de Gaza —a maioria dos artefatos foi interceptada. No fim de setembro, no entanto, um drone lançado pelos houthis atingiu a cidade turística de Eilat, no sul de Israel, e deixou 20 feridos.
Israel tem respondido com bombardeios em áreas controladas pelos houthis no Iêmen. São alvos, em particular, a capital e zonas portuárias no mar Vermelho, onde o grupo iemenita tem feito ataques a embarcações desde o início do conflito em Gaza e provocado interrupções no comércio marítimo global.
