O Exército de Israel afirmou neste sábado (16) que vai fornecer tendas a partir deste domingo (17) para o que chamou de transferência da população civil de áreas de combate na Faixa de Gaza para o sul do território. O plano de deslocamento foi aprovado pelo governo israelense no início deste mês.
A decisão, comunicada pelo porta-voz em árabe dos militares, Avichay Adraee, ocorre dias depois de Israel ter anunciado a intenção de lançar uma nova ofensiva para assumir o controle da Cidade de Gaza, o maior centro urbano do território. O plano alarmou grande parte da comunidade internacional, inclusive aliados de Tel Aviv.
O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, disse no último domingo que, antes de lançar a ofensiva, a população civil seria retirada para o que ele descreveu como “zonas seguras” da cidade, que ele chamou de último reduto do Hamas.
Não há até aqui, no entanto, nenhum detalhamento de como isso ocorreria, e organizações internacionais ressaltam que o deslocamento forçado poderia configurar crime de limpeza étnica de acordo como Direito Humanitário Internacional, embora existam casos em que a transferência por questões de segurança ou militares, com uma série de limitações, são permitidas.
Os equipamentos de abrigo serão transferidos através da passagem de Kerem Shalom, no sul de Gaza, pelas Nações Unidas e outras organizações internacionais de ajuda humanitária, após serem inspecionados pelas forças de Israel, segundo o exército.
A ONU não respondeu a pedidos de comentário sobre o anúncio israelense, mas alertou na última quinta-feira (14) que milhares de famílias que já enfrentam péssimas condições humanitárias poderiam ser levadas ao limite se o plano militar de Tel Aviv para a Cidade de Gaza avançar.
Autoridades palestinas e da ONU afirmaram que nenhum lugar no território é seguro, incluindo áreas no sul de Gaza para onde Israel tem ordenado que os residentes se desloquem, como a área de Al-Mawasi, próxima a Khan Yunis e Rafah, na costa.
O exército israelense recusou-se a comentar quando questionado se os equipamentos de abrigo eram destinados à população da Cidade de Gaza, estimada atualmente em cerca de um milhão de pessoas atualmente, e se o local para o qual serão realocados no sul de Gaza seria a área de Rafah, que faz fronteira com o Egito.
O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, afirmou neste sábado que os planos para a nova ofensiva ainda estavam sendo formulados.
O grupo terrorista Jihad Islâmico, aliado do Hamas, disse que o anúncio de Israel “como parte de seu ataque brutal para ocupar a Cidade de Gaza, é um escárnio flagrante e descarado das convenções internacionais.”
Forças de Israel já intensificaram as operações nos arredores da Cidade de Gaza na última semana. Moradores dos bairros de Zeitun e Shejaia relataram intenso fogo aéreo e de tanques israelenses, que destruiu casas.
O exército israelense disse na sexta-feira (15) que havia iniciado uma nova operação em Zeitun para localizar explosivos, destruir túneis e matar terroristas na área.
Protestos pedindo a libertação dos reféns e o fim da guerra são esperados por Israel neste domingo (16), com muitas empresas, municípios e universidades dizendo que apoiarão funcionários que preparam uma greve geral para o dia.
As negociações para garantir um cessar-fogo de 60 dias apoiado pelos EUA e a libertação de reféns terminaram em impasse no mês passado, e os mediadores Egito e Qatar têm tentado reativá-las.