ALÉXIA SOUSA
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O atestado de óbito de Sther Barroso dos Santos, 22, indica que a jovem morreu por hemorragia, traumatismo craniano e politrauma. Ela foi espancada até a morte após ser retirada de um baile funk na comunidade da Coreia, em Senador Camará, zona oeste do Rio de Janeiro, na madrugada de domingo (17).
O velório ocorreu nesta quarta (20) no Cemitério Ricardo de Albuquerque, na zona norte. Parentes vestiam camisas com o rosto da jovem e exibiam cartazes pedindo justiça. A mãe desmaiou durante o sepultamento, sendo amparada por familiares. A irmã, Stéfany Couto, afirmou que Sther foi vítima de uma “covardia”.
Segundo familiares, Sther foi assassinada por traficantes do TCP (Terceiro Comando Puro) após se recusar a sair do baile acompanhada de Bruno da Silva Loureiro, o Coronel, apontado como um dos chefes da facção. A jovem teria sido torturada e, em seguida, deixada desacordada na porta de casa, na Vila Aliança, também na zona oeste, por dois homens que agiam a mando do traficante. A família também afirma que ela foi estuprada.
Sther chegou a ser levada para o Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo, mas, segundo a direção da unidade, já chegou morta.
A reportagem não conseguiu localizar a defesa do suspeito, que é procurado pela polícia e alvo de mandados judiciais por tráfico de drogas.
O caso foi inicialmente registrado na 34ª DP (Bangu) e será encaminhado para a Delegacia de Homicídios da Capital, que investiga a autoria e as circunstâncias do crime.
Nesta terça (19), a Polícia Civil fez uma ação na região. Como represália, de acordo com os agentes, criminosos usaram um ônibus como barricada e a Estrada do Taquaral, principal via da localidade ficou fechada nos dois sentidos. Ninguém foi preso.
De acordo com parentes, Sther chegou a ter um relacionamento com Coronel, mas se mudou para a Vila Aliança com a mãe para tentar escapar das investidas dele.
Solto em 2017 após cumprir parte de uma pena de cinco anos por associação ao tráfico e porte ilegal de arma, Coronel ostenta nas redes sociais, exibindo joias, armas e até um mico-leão-dourado de estimação. Segundo a polícia, um de seus cordões pode valer até R$ 1 milhão, se autêntico.
Investigações apontam que ele costuma matar desafetos a tiros de fuzil e concretar os corpos antes de jogá-los em rios. Seu nome aparece ainda em um inquérito sobre a morte de um policial militar e em apurações ligadas ao roubo de ferro da linha férrea, que seria vendido a milicianos da Muzema e de Rio das Pedras para erguer prédios.
Em publicação nas redes sociais, a irmã de Sther, Stéfany Couto lamentou a perda: “Minha irmã tinha sonhos, metas. Ela era só um bebê. Destruiu minha família, acabou com a nossa vida.”
O assassinato da jovem ocorre em meio à escalada da violência de gênero no estado. Entre janeiro e julho deste ano, o Rio registrou 53 feminicídios, segundo o Instituto de Segurança Pública.
Leia Também: Plataformas devem remover propagandas de cigarros eletrônicos em 48h
Quando você clica no botão "Aceito", você está concordando com os| Políticas de Privacidade | Seus dados serão tratados de acordo com as diretrizes estabelecidas no documento, garantindo sua privacidade e segurança online.
Fale conosco