Protestos iniciados na segunda-feira (25) na Indonésia para se opor a um benefício residencial para parlamentares extrapolaram a causa inicial e agora são direcionados às condições de vida dos indonésios.
Pedidos como aumento do salário mínimo, fim da repressão à liberdade de expressão, combate à violência policial e diminuição do custo de vida passaram a fazer parte das reivindicações.
Além da capital do país Jacarta, também foram às ruas moradores de cidades como Bali, Macaçar, Bandung, Surakarta e Yogyakarta, segundo a agência estatal Antara.
A tomada das ruas começou quando um auxílio moradia de 50 milhões de rúpias indonésias (equivalente a cerca de R$ 16.500) para parlamentares foi anunciado. A escalada dos protestos levou ao anúncio da revogação do benefício pelo presidente do país, Prabowo Subianto, neste domingo (31).
Na mesma ocasião, o mandatário chamou parte dos atos cometidos durante as manifestações de “traição” e “terrorismo”, e declarou que atos de vandalismo, como destruição do patrimônio público, serão reprimidos pelas forças de segurança.
“Os direitos de reunião pacífica devem ser respeitados e protegidos. Mas não podemos ignorar que há sinais de ações fora da lei, inclusive contra a lei, algumas próximas da traição e terrorismo”, declarou.
Os protestos também fizeram com que Subianto cancelasse a viagem para a China prevista para essa semana. O mandatário foi convidado pelo líder do regime chinês Xi Jinping para o encontro da Organização para Cooperação de Xangai (SCO, na sigla em inglês), que também conta com os líderes Vladimir Putin da Rússia e o indiano Narendra Modi, e o desfile em celebração aos 80 anos da vitória sobre o Japão e a Segunda Guerra Mundial.
Além de tomar as ruas, as manifestações também contaram com queima de veículos e prédios públicos, saqueamento de residências e confronto com forças de segurança.
Os protestos se tornaram ainda mais intensos após um policial atropelar o mototaxista Affan Kurniawan, de 21 anos, na quinta (28). O presidente afirmou que irá investigar a morte do jovem.
“Mais uma vez, estou chocado e decepcionado com as ações excessivas dos policiais. Ordenei que o incidente da noite passada seja investigado de forma completa e transparente e que os policiais envolvidos sejam responsabilizados”, afirmou em comunicado publicado no dia seguinte à morte do jovem.
Algumas ações de manifestantes incluem o saqueamento da residência da ministra das Finanças, Sri Mulyani Indrawati, que não estava no local na hora do ataque. Também foram roubadas casas de congressistas que fazem parte da base do presidente indonésio, de acordo com a agência estatal de notícias.
A mídia local também informa que ao menos quatro pessoas morreram em um ataque ao prédio legislativo da cidade Macaçar na madrugada de sábado (30). As vítimas teriam ficado presas no prédio enquanto manifestantes atearam fogo no local.