Livro transforma foto em ferramenta de memória latina – 20/10/2025 – Mundo

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No final do prefácio de “História da América Latina em 100 Fotografias”, o historiador Paulo Antonio Paranaguá pede urgência na preservação de acervos de reportagens como parte do patrimônio da região, e que entidades como a Fototeca do Instituto Nacional de Antropologia e Historia (México), o Centro de Fotografia de Montevidéu (Uruguai), o Arquivo Fotográfico de Fotografia Urbana (Venezuela) e o Instituto Moreira Salles (Brasil) não apenas precisavam se reproduzir pela região, mas serem tomadas de modo muito sério.

O livro de Paranaguá traz um resumo dos principais acontecimentos políticos na região nos últimos cem anos, com enfoque primordial na fotografia. No entanto, não se trata “apenas” de um compêndio de imagens relevantes da história regional, mas traz uma reflexão intensa, desde o significado e a raiz do termo “América Latina”, passando pelas razões e o contexto de eventos como a Guerra do Paraguai, a do Pacífico, a do Chaco, a Revolução Mexicana e outros.

Muitos desses eventos são pouquíssimo conhecidos e ensinados nas entidades educacionais do Brasil, o que revela nosso eurocentrismo e a falta de conhecimento de conflitos que moldaram fronteiras, culturas, modos de ver de cada um dos países, uns sobre os outros, e nossa imensa falha em ter uma ideia de uma identidade regional.

A edição caprichada da Bazar do Tempo permite não apenas uma leitura didática a quem não está familiarizado com a região que habitamos, como imagens intensas e registros quase inéditos para nosso público. Caso, por exemplo, das primeiras imagens da população autóctone da Argentina e do Chile, que incentivaram massacres como a Campanha do Deserto, desencadeada pelo então presidente argentino Julio Argentino Roca na tentativa de dizimar essas populações consideradas bárbaras e temíveis.

O livro também destaca um dos mais importantes retratistas da América Latina, o peruano Martín Chambi (1891-1973), de origem indígena, e que de seu estúdio em Cusco retratou as festas, as paisagens, mas, principalmente os seres humanos que lá habitavam, camponeses e elite incluídos.

Crítico de cinema e autor de vários livros sobre o assunto, Paranaguá vive em Paris desde os anos 1970 e foi curador de fotografia do Centro Georges Pompidou. Passou dois anos preso durante a ditadura argentina.

Ele ressalta e expõe no livro que a história latino-americana não nasceu com a chegada dos europeus, daí o interesse em incluir registros das civilizações pré-colombianas no México, América Central e nos Andes, por meio de registros dos descobrimentos arqueológicos.

Já no século 20, viajante empedernido, Paranaguá se orgulha de ter visto ou vivido de alguma forma os acontecimentos que retrata. Mas suas fotos não são apenas registros que marcam eleições, protestos, efemérides, mas sim os rostos, as expressões faciais de quem viveu a história na própria pele.

O devido crédito e uma pequena biografia ao final do livro conta a história dos fotógrafos que retrataram essa história, com destaque para os da Revolução Mexicana (1910), a boliviana de 1952 e a Cubana (1959). Entre fotógrafos nacionais e estrangeiros.

A aspiração é grande e, portanto, a obra também: a de provocar uma grande discussão sobre essas terras, não tanto pelo que ela “tem de comum”, como o clichê tantas vezes repetido, mas pelas tantas coisas que cada país possui como únicas, e que, portanto, não devem ser esquecidas.



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