Macron diz que ninguém ganhou eleição e incentiva coalizão – 10/07/2024 – Mundo

Macron diz que ninguém ganhou eleição e incentiva coalizão -


O presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou nesta quarta-feira (10) que “ninguém ganhou” as eleições legislativas realizadas no domingo (7) na França, onde a esquerda ficou em primeiro lugar, mas não obteve maioria absoluta. O líder pediu que o país seja governado por uma ampla coalizão de forças políticas que compartilhem de “valores republicanos” —ou seja, excluindo a ultradireita.

Em carta aberta publicada na imprensa francesa, Macron fez um apelo “a todas as forças políticas que se identificam com as instituições republicanas, o Estado de Direito, o parlamentarismo, a orientação europeia e a defesa da independência da França” a fim de que se construa “uma maioria sólida, necessariamente plural, para o país”.

A votação, que Macron convocou de surpresa após a vitória significativa da ultradireita nas eleições europeias em junho, lançou a França em território desconhecido, com três blocos politicamente divergentes e sem um caminho óbvio para formar um governo. Nenhum partido ou coalizão obteve maioria absoluta, de 289 deputados, na nova Assembleia Nacional.

O apelo de Macron por uma aliança com valores republicanos foi interpretado como uma forma de excluir a Reunião Nacional (RN), da ultradireitista Marine Le Pen, mas também a França Insubmissa, partido majoritário da NFP (Nova Frente Popular), que venceu as eleições e é liderada por Jean-Luc Mélenchon.

A sugestão do presidente implicaria, assim, em um racha da coalizão de esquerda que competiu no pleito de forma unificada —analistas apontaram, antes da eleição, que Macron apostava que o campo político não conseguiria se unir, o que possibilitaria ao seu governo forjar uma aliança com partidos de centro-esquerda.

“Ninguém ganhou. Nenhuma força política obteve uma maioria suficiente, e os blocos ou coalizões surgidos destas eleições são todos minoritários”, disse Macron na carta.

A NFP ficou em primeiro lugar, conquistando cerca de 190 assentos, e a aliança centrista de Macron atingiu por volta de 160. A ultradireita elegeu pouco mais de 140 parlamentares.

Macron escreveu ainda: “Coloquemos nossa esperança na capacidade de nossos líderes políticos de demonstrar senso, harmonia e calma em seu interesse e no do país”. “É à luz desses princípios que decidirei sobre a nomeação do primeiro-ministro.”

Até lá, prosseguiu Macron, o governo atual continuará a exercer suas responsabilidades —sem deixar claro se ele realmente pretende aceitar a renúncia de Gabriel Attal, atual primeiro-ministro, que prometeu ficar no cargo até o fim das Olimpíadas de Paris.

O presidente sofre pressão da NFP para que nomeie um de seus membros como premiê em breve, mas a coalizão ainda não chegou a um consenso sobre quem vai indicar ao cargo. Mélenchon é considerado radical demais por membros de centro-esquerda do grupo, mas a França Insubmissa insiste que o primeiro-ministro seja um de seus correligionários.

A NFP, que inclui ambientalistas, socialistas, comunistas e o LFI, anunciou que proporia um candidato antes do final da semana.

Mélenchon está apoiando a deputada Clémence Guetté, não muito conhecida, mas popular entre os ativistas da esquerda radical. Aos 33 anos, ela oferece uma imagem menos polêmica do que Mélenchon. O líder socialista mais moderado, Olivier Faure, também disse que estaria disposto a assumir o cargo.

As opções de governo na França incluem agora uma ampla coalizão, com macronistas e a esquerda, um governo minoritário da NFP ou, em uma hipótese extrema, um governo liderado por pessoas sem filiação política, que buscaria aprovar leis no parlamento caso a caso, com acordos pontuais.

Jordan Bardella, presidente da RN, disse que Macron era o culpado pela paralisia política. “E agora sua mensagem é: ‘resolvam algo’. Irresponsável!” escreveu ele na plataforma X, referindo-se à carta de Macron.

A líder de ultradireita Marine Le Pen, mentora de Bardella, passou os últimos anos limpando a imagem de um partido antes conhecido por racismo e antissemitismo, e agora terá de decidir qual estratégia adotar para vencer as eleições presidenciais de 2027, nas quais Macron, agora no seu segundo mandato, não poderá concorrer.

Na quarta-feira, Le Pen traçou paralelos entre o apelo de um político de esquerda por uma marcha em direção ao gabinete do primeiro-ministro e o ataque ao Capitólio por apoiadores do ex-presidente dos EUA Donald Trump em 2021.



Source link

Leia Mais

Vasco derruba o Cruzeiro e engata segunda vitória consecutiva

Vasco derruba o Cruzeiro e engata segunda vitória consecutiva

setembro 29, 2025

1759110498_logo-folha-facebook-share.jpg

Netanyahu agradece Trump por ataques ao Irã em junho

setembro 29, 2025

naom_686e5c9c301a5.webp.webp

Suspeito admitiu homicídio de aluna da Unesp, diz delegado; polícia acha celular da vítima

setembro 29, 2025

Roda de Choro apresenta tributo ao maestro Severino Araújo

Roda de Choro apresenta tributo ao maestro Severino Araújo

setembro 29, 2025

Veja também

Vasco derruba o Cruzeiro e engata segunda vitória consecutiva

Vasco derruba o Cruzeiro e engata segunda vitória consecutiva

setembro 29, 2025

1759110498_logo-folha-facebook-share.jpg

Netanyahu agradece Trump por ataques ao Irã em junho

setembro 29, 2025

naom_686e5c9c301a5.webp.webp

Suspeito admitiu homicídio de aluna da Unesp, diz delegado; polícia acha celular da vítima

setembro 29, 2025

Roda de Choro apresenta tributo ao maestro Severino Araújo

Roda de Choro apresenta tributo ao maestro Severino Araújo

setembro 29, 2025