As mortes relacionadas à fome estão aumentando em Gaza, com oito óbitos registrados entre esta terça e quarta-feiras.
De acordo com uma contagem realizada em 5 de agosto, 49 crianças morreram por desnutrição, 39 delas estavam abaixo de cinco anos.
A Organização Mundial da Saúde, OMS, realizou um treinamento sobre manejo da desnutrição, na quarta-feira, no Hospital Infantil Rantissi, um dos cinco centros de estabilização nutricional de Gaza.
Os esforços de trabalhadores humanitários para salvar crianças é o tema do documentário “O Perigo Silencioso em Gaza”, produzido pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, para marcar o Dia Mundial Humanitário, neste 19 de agosto.
O filme mostra a jornada do médico-pediatra Younis Awadallah, que nasceu e cresceu em Gaza, e sua colega Fairuz Abu Warda, que, durante curtos períodos do cessar-fogo do ano passado, distribuíram vacinas para salvar crianças da poliomielite em toda a Faixa de Gaza.
O pediatra, de quase 70 anos, decidiu se aposentar em 2021, após uma carreira de mais de quatro décadas, na Arábia Saudita. Ele também trabalhou no Ministério da Saúde palestino e no Unicef.
No entanto, à medida que a crise em Gaza aumentava e a poliomielite ressurgia, ele decidiu voltar à ativa.
O médico descreveu a escolha como uma “mensagem de lealdade” à sua profissão e às crianças de Gaza declarando que “o trabalho humanitário não pode ser aposentado”.
Younis contou à ONU News como a exaustão, a fome e o medo eram parte de sua rotina sob constante bombardeio aéreo e marítimo. Ele se lembra dos momentos em que viu seus colegas caírem de exaustão, mas depois voltavam imediatamente ao trabalho.
Younis Awadallah administra vacina contra poliomielite em Gaza
O médico afirmou que todas as cenas da campanha de vacinação, desde o sorriso de uma criança até a insistência das equipes para chegar à casa mais distante, apesar do perigo, o fizeram valorizar ainda mais o trabalho humanitário.
Younis disse que aprendeu que os seres humanos têm uma resiliência “incrível”. Para ele, “resiliência não é a ausência de dor e sofrimento, mas a capacidade de perseverar e se levantar apesar das tragédias”.
O pediatra contou que viu mães sorrindo para seus filhos, apesar dos ferimentos, e pacientes “enfrentando a dor com alegria e esperança”.
Ele acredita que cada cena do filme foi “uma mensagem para o mundo de que, apesar dos ferimentos, da morte e da dificuldade, Gaza é capaz de se levantar e proteger suas crianças”.
Younis Awadallah e Fairuz AbuWarda, que, em meio a breves cessar-fogo, entregaram vacinas vitais para crianças em toda a Faixa de Gaza no ano passado
Para o pediatra, o papel dos trabalhadores humanitários vai além de fornecer tratamento e assistência e incluir “incutir esperança no coração das pessoas, apoiando-as psicologicamente e mantendo sua força diante dos problemas”.
Mais de 350 agentes de saúde já morreram em Gaza. Outras centenas ficaram feridas e mais de 1,3 mil foram presos.
No Dia Mundial Humanitário, Younis presta homenagem àqueles que “optam por caminhar em direção ao perigo em vez de se afastar dele”, pelo bem dos outros.
Neste 19 de agosto, faz 22 anos do ataque a bomba ao Hotel Canal, em Bagdá, que matou 22 trabalhadores das Nações Unidas, incluindo o representante especial do secretário-geral da ONU para o Iraque, o brasileiro Sergio Vieira de Mello.
Cinco anos depois, a Assembleia Geral das Nações Unidas adotou uma resolução designando o Dia Mundial Humanitário.
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