Portugal tem um compromisso claro com o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODS. Para chegar lá, o país organizou um Plano de Coerência de Práticas e Políticas Públicas para o Desenvolvimento Sustentável.
A declaração é da secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação do país, Ana Isabel Xavier. Nesta terça-feira, ela participa no Fórum Político de Alto Nível, que ocorre em Nova Iorque, sobre os avanços dos ODS.
Antes do discurso, Ana Isabel Xavier conversou com a ONU News. Para ela, é preciso olhar para o desenvolvimento de uma forma diferente e não só contemplando métricas antigas baseadas no Produto Interno Bruto, PIB.
“Nós queremos olhar para o desenvolvimento como não uma meta em si mesmo, mas como um processo em que, efetivamente, o objetivo é continuarmos a apoiar uma lógica de sustentabilidade. Aí, a nossa presença no FfD4 (Quarta Conferência da ONU sobre Financiamento para o Desenvolvimento), em Sevilha, foi tão importante. Portugal foi coorganizador, digamos assim, dos trabalhos preparatórios com o Burundi. Isto foi bastante revelador também do compromisso de Portugal, com a presença do nosso primeiro-ministro, portanto ao mais alto nível. Exatamente para mostrarmos que nós estamos do lado de todos os países para fazermos esse caminho em conjunto, mas cada vez mais olhar para o desenvolvimento como uma sustentabilidade de investimento, de retorno para os países.”
Em 2025, Portugal completa 70 anos nas Nações Unidas. O país também celebra 65 anos como contribuinte ativo para as operações de paz, com militares e especialistas do setor em várias partes do globo.
Durante a abertura do segmento de alto nível do Fórum, o secretário-geral da ONU, António Guterres, lembrou que ainda dá tempo de salvar a Agenda 2030 mesmo num momento de crise de verbas. Muitos países doadores estão remanejando o orçamento do desenvolvimento para levar esses recursos à defesa.
© Projects Abroad/Irene Lily
Portugal focado na agenda de desenvolvimento sustentável e na cooperação com outros países para proteger a vida marinha e fomentar a economia azul
A atual secretária de Estado e ex-vice-chefe da pasta da Defesa de Portugal, Ana Isabel Xavier, lembra que, em seu país, a receita é clara: os investimentos em defesa não podem prejudicar o avanço do desenvolvimento.
“Por um lado, nós não podemos colocar em causa a coesão social. Isso significa não colocar em causa aquilo que são as prioridades nacionais, em termos de educação, de saúde, de habitação. Mas também não podemos fazê-lo à conta do défice, portanto temos que ter equilíbrio em termos de coesão social e temos que ter equilíbrio nas contas públicas.”
Portugal tem investido em economia verde e azul. No ODS 7, sobre energia acessível e limpa, o país obteve seu melhor desempenho. No Objetivo 6, os portugueses atingiram metas de água limpa e abastecimento. Com relação ao ODS 8, sobre emprego decente, o avanço foi de 63,8%. E segundo a secretária de Estado, 60% dos indicadores do ODS 3 sobre boa saúde e bem-estar tiveram “progressos favoráveis.”
Portugal também enviou forças para atuar na República Centro-Africana
A Missão de Portugal junto à ONU tem sido, frequentemente, convidada pela Assembleia Geral das Nações Unidas para participar de vários processos de negociação e organização de preparativos para conferências.
Em Sevilha, a diplomacia portuguesa, ao lado daquela do Burundi, ajudou a promover o sucesso da Conferência com a adoção, por consenso, do Compromisso de Sevilha sobre o financiamento para o desenvolvimento.
Para Ana Isabel Xavier, essa é uma característica de seu país: a de construir pontes e a de ser um canal de diálogo com todos os seus pares.
A secretária de Estado acredita que isso passa também pela rede universal que a própria história de Portugal e a língua portuguesa ajudaram a criar.
ONU News/Alexandre Soares
A ONU está presente em todos os países de língua portuguesa
“A verdade é que a língua portuguesa é para nós muito importante. E se nós olharmos para o mundo, através também da presença do nosso Instituto Camões, repare, Monica, que nós temos 63 cátedras e 86 Centros de Língua Portuguesa espalhados pelo mundo. Isto é uma verdadeira rede global em que a língua portuguesa se assume como um dos nossos maiores ativos geopolíticos e geoestratégicos. Por isso, claramente que a língua servirá, se for língua oficial das Nações Unidas, também para dar voz a muitos dos países com os quais nós, neste momento, já nos relacionamos, e que nós queremos também que tenham uma voz mais ativa.”
No atual Programa de Governo de Portugal, o país decidiu empenhar-se para fazer do português língua oficial da ONU até 2030. Uma proposta que a nação europeia tem debatido com os demais Estados lusófonos pelo mundo.
Durante a entrevista, a secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação de Portugal, Ana Isabel Xavier, também ressaltou a importância do papel da mulher em postos de liderança. Segundo ela, Portugal considera o tema, uma questão transversal a todas as políticas públicas do país.
Atualmente, o Parlamento português tem 77 assentos ocupados por mulheres, o equivalente a um terço do total da Casa.
*Monica Grayley é editora-chefe da ONU News Português.
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