O navio lançador de mísseis americano USS Lake Erie entrou na noite de sexta-feira (30) no Canal do Panamá, vindo do Pacífico, em meio a uma movimentação naval de Washington no Caribe e próxima às costas da Venezuela que tem preocupado Caracas e outros governos da região.
O cruzador passou pela eclusa de Pedro Miguel por volta das 21h30 no horário local (23h30 de Brasília) e seguiu navegando rumo ao Atlântico em uma travessia de 80 km que leva cerca de oito horas.
O Lake Erie, com o número 70 pintado em branco no casco, passou os dois últimos dias atracado em um píer do porto de Rodman, na entrada do canal pelo lado do Pacífico.
Algumas famílias surpresas viram o navio de guerra passar em Pedro Miguel a partir de um mirante localizado às margens do canal.
Sete navios de guerra dos EUA, junto com um submarino de ataque rápido movido a energia nuclear, estão na região ou devem chegar em breve, trazendo mais de 4.500 marinheiros e fuzileiros navais.
O presidente dos EUA, Donald Trump, declarou que combater os cartéis de drogas é um objetivo central de sua administração, e autoridades americanas dizem que os esforços militares visam enfrentar as ameaças desses cartéis.
Os Estados Unidos acusam o presidente venezuelano Nicolás Maduro de liderar um cartel de drogas e aumentaram para US$ 50 milhões a recompensa por sua captura.
Três navios lançadores de mísseis dos EUA devem posicionar-se nos próximos dias em águas internacionais, próximas ao limite com a Venezuela, em operações que, segundo Washington, são voltadas ao combate ao narcotráfico internacional.
Como resposta, Caracas anunciou o deslocamento de 15 mil integrantes das forças de segurança na fronteira com a Colômbia, também para ações contra o narcotráfico.
Além disso, a Venezuela informou na terça-feira (26) que patrulhará suas águas territoriais com drones e navios da Marinha. Maduro também afirmou contar com 4,5 milhões de milicianos como resposta às “ameaças” dos Estados Unidos, embora especialistas coloquem esse número em dúvida.
O Lake Erie tem 173 metros de comprimento por 10 metros de largura, desloca 9.800 toneladas e tem como base o porto de San Diego, na Califórnia.
A presença de forças militares americanas próximas à Venezuela preocupa países da região, entre eles o Brasil.
Ao receber o presidente do Panamá, José Raúl Mulino, no Palácio do Planalto na quinta (28), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou “ameaças ilegais de uso da força” sob justificativa de combate ao crime organizado.
A preocupação do governo brasileiro com a movimentação militar dos Estados Unidos já tinha sido expressada em reunião recente da OTCA (Organização do Tratado de Cooperação Amazônica), realizada em Bogotá, na Colômbia.
