Mais de 150 empresas, incluindo Airbnb, Booking.com, Expedia e TripAdvisor estão operando em assentamentos israelenses na Cisjordânia considerados ilegais pela ONU, mostrou um relatório do escritório de direitos humanos da organização global nesta sexta-feira (26).

A lista, que havia sido atualizada anteriormente em 2023, agora tem 68 novos nomes, totalizando 158; Israel diz que a lista difama injustamente empresas que trabalham legalmente.

Novas adições incluem a grande fabricante alemã de cimento Heidelberg Materials, que afirmou ter contestado a inclusão, informando à agência Reuters que não está mais ativa no território palestino ocupado. A maioria das novas empresas tinha sede em Israel.

Sete empresas anteriormente listadas foram removidas, incluindo a empresa de viagens online registrada no Reino Unido, Opodo, e o agente de viagens online com sede na Espanha, eDreams. O relatório afirma que havia motivos razoáveis para acreditar que elas não estavam mais envolvidas nas atividades que anteriormente justificavam sua inclusão na lista.

Todas as empresas listadas estavam envolvidas em 1 ou mais das 10 atividades que o escritório de direitos humanos diz levantarem preocupações. As plataformas de acomodação listadas não responderam aos pedidos de comentário da Reuters.

Israel cita laços bíblicos e históricos com a Cisjordânia para contestar a decisão de 2024 do tribunal mais alto da ONU —que é apoiada pela maioria da comunidade internacional— argumentando que o território não está ocupado em termos legais porque a terra é disputada.

“Este banco de dados pretende servir como uma lista negra contra empresas que não cometeram nenhum delito, já que não há proibição geral no direito internacional contra atividades comerciais em áreas de conflito”, disse a missão israelense em Genebra, em um comunicado.

ESCRITÓRIO DE DIREITOS HUMANOS DA ONU PEDE REPARAÇÃO

“Quando empresas identificam que causaram ou contribuíram para impactos adversos aos direitos humanos, elas devem fornecer ou cooperar na reparação através de processos apropriados”, disse o relatório.

A maioria das empresas nomeadas no banco de dados tem sede em Israel, mas também inclui empresas internacionais listadas no Canadá, China e França, junto com aquelas dos Estados Unidos, Alemanha e outros países.

O escrutínio das operações das empresas nos assentamentos israelenses aumentou desde a campanha militar de Israel em Gaza e o aumento simultâneo de incursões na Cisjordânia. Israel diz ter como alvo terroristas, mas civis também são prejudicados pelas ações.

A lista, que se concentra principalmente em atividades comerciais relacionadas à construção, imóveis, mineração e extração, não é exaustiva, pois o escritório da ONU ainda deve examinar mais de 300 empresas submetidas para avaliação.

“Este relatório ressalta a responsabilidade de devida diligência das empresas que trabalham em contextos de conflito para garantir que suas atividades não contribuam para abusos de direitos humanos”, diz o chefe de Direitos Humanos da ONU, Volker Türk. O relatório também afirma que os estados deveriam agir para garantir que as empresas não estivessem contribuindo para abusos.

Israel e os EUA há muito protestam contra a “atenção desproporcional” dada a Israel pelo Conselho de Direitos Humanos com sede em Genebra.

Grupos da sociedade civil dizem que o banco de dados é uma ferramenta importante para garantir a transparência em torno das atividades comerciais na Cisjordânia e para incentivar as empresas a repensarem suas atividades.

Os assentamentos israelenses cresceram em tamanho e número desde que Israel capturou a Cisjordânia na guerra de 1967. Eles se estendem profundamente pelo território palestino com um sistema de estradas e outras infraestruturas sob controle israelense, dividindo ainda mais a área.

Uma comissão de inquérito da ONU concluiu na terça-feira (23) que, desde outubro de 2023, as políticas israelenses demonstraram clara intenção de transferir palestinos à força, expandir assentamentos judaicos e anexar toda a Cisjordânia. Israel rejeitou o relatório e disse que a comissão tinha uma agenda com motivações políticas.

O presidente dos EUA, Donald Trump, disse na quinta-feira (25) que não permitiria que Israel anexasse a Cisjordânia, rejeitando apelos de alguns políticos de extrema direita em Israel que querem estender a soberania sobre a área e extinguir as esperanças de um Estado palestino.