O Comando Militar dos Estados Unidos para o Oriente Médio (Centcom, na sigla em inlgês) informou nesta quarta-feira (12) que suas forças auxiliaram e viabilizaram mais de 22 operações contra o Estado Islâmico na Síria ao longo das últimas semanas.
As ações, que ocorreram entre 1º de outubro e 6 de novembro, mataram cinco membros do grupo e capturaram outros 19, segundo o órgão. O anúncio ocorre após Damasco concordar em cooperar com uma coalizão internacional contra o grupo terrorista e dois dias depois de o líder sírio, Ahmed al-Sharaa, ir aos EUA.
A visita foi histórica —é a primeira de um dirigente sírio à Casa Branca desde a independência do país do Oriente Médio, nos anos 1940, e ocorre após décadas de tensão entre EUA e Síria, que até dezembro do ano passado era regida por Bashar al-Assad.
A queda do ditador abriu caminho para Sharaa, um ex-combatente da Al Qaeda, chegar ao poder. Desde então, ele tem tentado, até agora com certo êxito, afastar sua imagem do grupo terrorista. Nos últimos meses, ele afastou a Síria dos antigos aliados Irã e Rússia e se reaproximou da Turquia, das monarquias do Golfo e dos EUA.
Mesmo sem a pompa destinada a outros chefes de Estado, o líder sírio conseguiu uma suspensão parcial das sanções mais duras contra Damasco, anunciada por Washington poucas horas após a visita. A medida pode ajudar a aliviar a crise econômica no país, devastado por 14 anos de guerra civil.
Mais tarde, em entrevista coletiva, Trump afirmou que Sharaa “é um líder muito forte, que veio de um lugar muito difícil” e que os EUA “farão todo o possível para ver a Síria ter sucesso”, em especial, segundo ele, ao momento de paz no Oriente Médio. “Eu tenho confiança de que ele [Sharaa] é capaz de fazer o trabalho”, disse.
A reunião em Washington ocorreu seis meses após o primeiro contato entre os líderes, na Arábia Saudita, e poucos dias após o governo americano retirar Sharaa da lista de pessoas ligadas ao terrorismo.
O novo governo ainda lida com outros desafios internos, no entanto. Conflitos sectários deixaram nos últimos meses mais de 2,5 mil mortos desde a queda de Assad, o que levantou dúvidas sobre a capacidade de Sharaa de governar e pacificar o país.
A trajetória pessoal de Sharaa é, por si só, um retrato das mudanças na política síria. Ele se juntou à Al Qaeda no Iraque após a invasão americana de 2003 e passou anos preso por forças dos EUA.
De volta à Síria, tornou-se um dos líderes da insurgência contra Assad. Conhecido à época como Abu Mohammad al-Jolani, foi designado como terrorista em 2013, mas rompeu com a Al Qaeda em 2016 e consolidou sua influência no noroeste sírio.
No fim de 2024, Washington retirou a recompensa de US$ 10 milhões por sua captura, e, na semana passada, o Conselho de Segurança da ONU suspendeu as sanções contra ele e seu ministro do Interior, Anas Khattab. EUA e Reino Unido adotaram iniciativas semelhantes.




