O papa Leão 14 concedeu uma audiência privada de alto perfil a um proeminente sacerdote americano que ministra a católicos LGBTQIA+ nesta segunda-feira (1º), em um possível sinal de que o novo pontífice continuará o legado do papa Francisco de abrir a Igreja para a comunidade LGBT+.
Leão 14, o primeiro papa americano, reuniu-se no Vaticano com o reverendo James Martin, que tem sido repetidamente atacado por católicos conservadores por seu ministério, mas que era apoiado por Francisco.
“Foi muito consolador e encorajador”, disse Martin à Reuters após o encontro. “Ouvi a mesma mensagem do papa Leão que ouvi do papa Francisco sobre acolher pessoas LGBTQ.”
Francisco, que liderou a Igreja Católica por 12 anos antes de morrer em abril, emitiu um decreto em 2023 permitindo que padres administrassem bênçãos a casais do mesmo sexo, embora a Igreja ainda reconheça oficialmente apenas casamentos entre homens e mulheres —o papa Leão 14 reforçou recentemente esse reconhecimento.
A decisão do pontífice argentino sobre bênçãos a homossexuais provocou duras críticas de cardeais conservadores, que disseram que Francisco estava diluindo os ensinamentos da Igreja.
A Igreja Católica ensina que pessoas LGBT+ devem ser respeitadas e que sua dignidade humana deve ser defendida. Também ensina que a atração pelo mesmo sexo não é pecaminosa, mas que relações sexuais fora de casamentos entre homens e mulheres são.
Leão 14 realiza muitas reuniões todos os dias, mas apenas algumas são anunciadas oficialmente pelo Vaticano. Essas são minuciosamente examinadas pelos observadores da Igreja como um sinal das prioridades do papa.
A reunião de Martin, realizada no palácio apostólico do Vaticano, fez parte de uma agenda oficial nesta segunda-feira que também incluiu encontros com dois cardeais e vários bispos.
Martin afirmou à Reuters que a reunião durou cerca de meia hora. “Ele quer que todos na Igreja se sintam bem-vindos”, disse o sacerdote sobre Leão 14. “Sua abordagem aos católicos LGBTQ é uma continuação do legado do papa Francisco.”
Um jesuíta, como Francisco, Martin é o autor de um livro de 2017 que aborda como os líderes católicos deveriam se envolver com a comunidade gay, e lidera um site de notícias online dedicado a católicos LGBT+.
Algumas universidades americanas cancelaram no passado palestras e aparições de Martin, frequentemente após pressão de grupos conservadores.
Leão 14, eleito pelos cardeais do mundo em maio, ainda não se dirigiu publicamente à comunidade LGBT+, e também não comentou publicamente sobre o controverso decreto de Francisco de 2023.
Vários grupos católicos gays estão em Roma nesta semana para uma peregrinação relacionada ao Ano Santo Católico de 2025 em andamento, que está trazendo cerca de 32 milhões de turistas para a cidade.
O Vaticano incluiu um evento organizado por católicos LGBT+ em seu calendário online oficial para o ano jubilar, em um sinal incomum de abertura pela Igreja global que atraiu críticas de alguns comentaristas católicos conservadores.