A polícia da Coreia do Sul fez nesta quarta-feira (10) uma operação sobre a tentativa de golpe do presidente Yoon Suk Yeol. Agentes realizaram buscas no gabinete presidencial e nas sedes da polícia federal sul-coreana e do serviço de segurança da Assembleia Nacional.
Yoon é investigado pelo crime de insurreição depois que decretou lei marcial suspendendo os direitos políticos no país, medida rapidamente derrotada por uma votação no Parlamento e fortes protestos de rua. O presidente permanece no cargo, tendo sobrevivido a uma votação de impeachment no último sábado (7).
Yoon não estava no complexo do escritório presidencial durante a operação. A residência oficial fica em um local separado. Ele não foi visto em público desde que se desculpou por tentar impor a lei marcial.
Na terça (10), polícia já havia prendido o ex-ministro da Defesa, Kim Yong-hyun, por sua participação na elaboração da lei marcial decretada por Yoon —as autoridades informaram nesta quarta que Kim tentou cometer suicídio na cadeia utilizando uma roupa íntima, mas que está vivo.
Também nesta terça, o presidente da Assembleia Nacional anunciou a abertura de uma investigação própria contra Yoon pela declaração de lei marcial.
No mesmo dia, em mais um sinal de que a crise política na Coreia do Sul não deve arrefecer tão cedo, um comandante do Exército revelou que o presidente deu uma ordem para retirar deputados da Assembleia Nacional à força durante o breve período em que vigorou a lei marcial.
“Ele disse para arrombar a porta, entrar lá e arrastar as pessoas de dentro”, disse a um comitê parlamentar Kwak Jong-geun, do Comando de Guerra Especial do Exército, em referência a uma das várias ligações telefônicas que diz ter recebido de Yoon nas horas seguintes à tentativa de autogolpe.
Kwak afirma que decidiu não executar a ordem de Yoon, embora tropas tenham tentado invadir a Assembleia naquela noite para impedir uma votação que derrubaria a lei marcial e faria o presidente recuar. A investida fez o prédio ser palco de embates entre assessores munidos de extintores de incêndio e militares, uma amostra do caos no qual o país mergulhou após o decreto.