O partido português de ultradireita Chega ultrapassou os socialistas de centro-esquerda e tornou-se a principal sigla da oposição nesta quarta-feira (28), após a contagem final dos votos do exterior nas eleições parlamentares antecipadas, realizadas no último dia 18.
A Aliança Democrática, de centro-direita, do primeiro-ministro Luis Montenegro, conquistou 91 cadeiras no Parlamento unicameral de 230 cadeiras, incluindo duas do voto no exterior. Embora tenha conquistado mais assentos do que em 2024, a sigla novamente ficou aquém da maioria necessária para acabar com um longo período de instabilidade.
Na noite das eleições, o Partido Socialista (PS) ficou ligeiramente à frente do Chega em porcentagem de votos, mas com os mesmos 58 assentos. A contagem final, publicada pelo Ministério do Interior nesta quarta, elevou a representação parlamentar do Chega para 60, enquanto o PS ficou com 58.
Fundado há apenas seis anos, o Chega pôs assim fim a cinco décadas de domínio dos dois principais partidos de Portugal após o fim da ditadura fascista em 1974, em sintonia com avanços semelhantes da ultradireita em toda a Europa.
O Chega aliou-se a partidos anti-imigração, como a Reunião Nacional, de Marine Le Pen, na França, e a AfD, de extrema direita, na Alemanha.
O partido tradicionalmente faz campanha acusando a classe política do país de perpetuar a corrupção, ao mesmo tempo em que apela ao fim da imigração de “portas abertas” e a penas mais severas para os criminosos, incluindo a castração química para estupradores reincidentes.
Montenegro recusou-se a fazer acordos com o Chega e afirmou que iria formar um novo governo minoritário. O presidente Marcelo Rebelo de Sousa se reunirá com os líderes dos três principais partidos nesta quinta-feira (29) e, então, espera-se que nomeie Montenegro como primeiro-ministro.