Antes de vestir o colete bege e de calçar as botas de campo para enfrentar furacões, guerras e campos de refugiados, Pedro Matos trabalhava no espaço.
Ligado à engenharia espacial, o português lidava com imagens de satélite e cartografia. Passava os dias a criar mapas para apoiar missões humanitárias, até que percebeu que não queria ficar atrás do ecrã, como ele próprio lembra.
“A dada altura começou a não chegar. Eu não quero estar a fazer mapas para as outras pessoas irem fazer respostas humanitárias. Eu quero agarrar nesses mapas e ser eu a fazer a resposta.”
A decisão levou-o até ao Programa Alimentar Mundial, WFP, das Nações Unidas, onde primeiro desenvolveu mapas já no terreno e depois passou a coordenar operações de emergência do WFP.
Desde então, já passou por dezenas de países e esteve no epicentro de crises como o furacão Idai em Moçambique, o início da guerra na Ucrânia ou os campos de refugiados Rohingya no Bangladesh.
Numa breve passagem por Lisboa, conversou com a ONU News e explicou que a coordenação numa emergência é como “mover um governo inteiro”, onde cada agência da ONU representa um “ministério” e a resposta só funciona quando todos chegam juntos para assegurar as quatro áreas essenciais numa resposta de crise: comida, abrigo, água e saúde.
Pedro Matos acaba de regressar de uma missão no Bangladesh, onde esteve em resposta em Cox’s Bazar, o maior campo de refugiados do mundo, com 700 mil pessoas.
Em 2018, Pedro Matos olha para o campo de refugiados Kutupalong onde vivem refugiados Rohingya
Já lá tinha estado em 2018, no auge da crise, quando “um milhão de pessoas atravessaram a fronteira num mês”. Hoje, apesar de continuarem num “limbo”, aponta melhorias como casas e estradas mais resistentes às monções, fogões a gás e reflorestação, como explicou à ONU News.
“Conseguimos dar condições melhores para as pessoas viverem neste limbo com um bocadinho mais de conforto”.
Apesar das dificuldades e dos riscos, Pedro Matos não tem dúvidas sobre a lição mais importante que aprendeu. “As pessoas são essencialmente boas. Quando confrontados com a proximidade da tragédia, as pessoas querem ajudar o próximo, mesmo que o próximo seja muito diferente.”
Em 2020, o WFP foi distinguido com o Prémio Nobel da Paz, reconhecimento que Pedro Matos recebeu com humildade.
“O nosso trabalho é muito invisível, apesar de alimentarmos 120 milhões de pessoas todos os dia. Deu-nos um palco para podermos alertar para crises como o Congo, o Mianmar, o Sudão ou Gaza, que muitas vezes passam despercebidas”.
O português alerta para as muitas crises que saíram das manchetes mas continuam ativas. O seu trabalho é também dar-lhes voz.
A crise do Sudão é uma das mais desafiantes em todo o mundo e Pedro Matos esteve no terreno em 2022
Pedro Matos – Eu venho da área espacial – imagens de satélite, mapas – e trabalhava muito em produzir mapas e produtos para as pessoas que depois iam para o terreno. A dada altura começou a não chegar. Eu não quero estar a fazer mapas para as outras pessoas irem fazer respostas humanitárias. Eu quero agarrar nesses mapas e ser eu a fazer a resposta. E demorou muito tempo a tentar, demorou-me uns oito anos mas, eventualmente, entrei para fazer mapas, já no terreno, antes de progredir para uma área das operações humanitárias.
PM – Muito rápido. Eu fiz sistemas de informação geográfica e mapas durante sete ou oito meses. Era relativamente eficiente, portanto, tinha tempo suficiente para ir aos meus colegas e ir aprender o que é que as outras áreas estavam a fazer. Uma vez dentro, é mais fácil circular. É muito o conselho que eu dou às pessoas que querem começar nesta área, não tentem entrar exatamente para o lugar que almejam, mas tentem entrar para coisas que sabem que até podem ser sobrequalificadas, porque depois é muito mais fácil lá dentro mudarmos para as áreas que queremos.
PM – Varia muito se estamos numa emergência inicial, se estamos num campo de refugiados, que é o que nós chamamos de uma emergência prolongada. Tipicamente, num campo de refugiados, só há três soluções. Ou as pessoas voltam para a terra delas, ou o país de acolhimento as formaliza como cidadãos imigrantes, ou são realojados num país terceiro. Se nenhuma destas condições estiverem no lugar, as pessoas eternizam-se lá.
Por exemplo, chego de manhã, nós temos operações de alimentação, distribuições de comida para fazer, temos já as equipas no terreno, temos as ONGs que nós contratamos e, portanto, temos que garantir que a comida está no sítio, que as equipas estão no sítio. E temos que garantir, portanto, que toda a comida que temos que ter no próximo mês também está a caminho. Portanto, entre o trabalho do terreno de distribuir hoje e o trabalho de escritório para trazer os bens que são precisos para o mês seguinte, é mais ou menos dividido entre os dois.
Em resposta no Mali depois de um golpe de Estado em 2020
PM – Numa emergência, por exemplo, um ciclone ou um terramoto ou um tsunami, há quatro coisas essenciais: comida, abrigo, água e saneamento e saúde. Essas são essenciais. Saneamento, água e comida têm uma relação muito próxima, porque se as pessoas não têm comida suficiente, têm infeções mais facilmente. Se têm infeções mais facilmente, precisam de mais calorias para combater essas infeções. E se não tiverem mais calorias, são mais sujeitas a terem mais problemas de infeções e saúde.
Portanto, estas três coisas têm que vir sempre muito próximas umas das outras, porque nós podemos ter um problema de insegurança alimentar que não tem a ver com a comida, mas tem a ver, se calhar, com a água e saneamento ou com a saúde. Portanto, estas quatro coisas são dadas pelo Programa Alimentar Mundial, pela Unicef, pelo Acnur e por uma série de outras organizações, têm que entrar sempre numa fase inicial.
Quando chegamos, temos de fazer primeiro a análise das 72 horas, para perceber qual é a dimensão do problema. São 10 mil pessoas? São 100 mil? São dois milhões? Qual é a dimensão do problema? E nessas primeiras 72 horas fazemos a análise e começamos a planear o que é que vai ser a dimensão da resposta para cada uma dessas quatro áreas. Cada uma das agências faz esse planeamento.
Como somos muitos atores, é como mover um governo inteiro. O ministério das crianças, a Unicef, o ministério de água e saneamento, que também é a Unicef, o ministério do abrigo e dos refugiados e da comida, todas essas organizações vão para o terreno e, portanto, há uma necessidade de coordenação, uma espécie de conselho de ministros entre as várias organizações.
Só assim é que é possível evitar uma situação em que, se calhar, chega primeiro o abrigo, mas não chega a comida, ou chega primeiro a comida, mas não chega à saúde. Essa fase é muito importante no início de uma emergência.
PM – O furacão Idai, em Moçambique, foi um furacão de categoria 5 que atingiu a Beira em 2019 e foi das coisas maiores e mais intensas, mas também mais gratificantes.
Não conseguimos chegar a toda a gente, mas salvamos também muita gente. E, portanto, há esta mistura entre algo que foi muito intenso e duro, pelo facto de não termos conseguido chegar a toda a gente, mas, ao mesmo tempo, o facto de haver muita gente – dezenas ou centenas de milhares de pessoas – que teriam morrido se nós não estivéssemos lá. Essa foi a resposta mais impactante dos 17 anos que eu tenho de Nações Unidas.
PM – É difícil apontar. Quando estava no Iémen, tínhamos bombardeamentos 20 vezes por dia na cidade onde eu estava, em Sanaa. Há uma estranha normalidade. Damos por nós a dizermos frases como “não, isso não foi muito longe, foi só 500 metros daqui”. É uma coisa que eu nunca pensei pensar ou dizer antes de fazer este trabalho.
A Ucrânia foi muito intenso. O início da guerra na Ucrânia foi muito intenso.
E também tivemos algumas situações em que fomos raptados, ou em que estivemos debaixo de fogo, mas não são as coisas que acontecem a nós que nos marcam mais. São as coisas que acontecem aos outros que são mais impactantes.
No Mali em 2020, em Mopti
PM – Sim, na Ucrânia. Eu cheguei ao centro da Ucrânia em duas ou três semanas depois da guerra começar. Cheguei uma segunda-feira e nós começámos a distribuir o dinheiro às pessoas que estavam a chegar da fronte de combate no sábado. E quando entrevistámos as pessoas e lhes perguntámos o que é que elas estavam a fazer com o dinheiro que nós damos, foi muito gratificante, foi bonito.
Entre as pessoas que o estavam a usar, que tinham sido feridas de guerra e que estavam a usar para comprar analgésicos. Pessoas que tinham usado para poderem pagar a gasolina para fugir da frente de combate. Até uma mãe tinha podido comprar pela primeira vez uma bola de gelado para a filha, desde que a guerra tinha começado, a filha estava encantada. Há momentos muito gratificantes.
PM – Todos nós achamos que sabemos o que é o setor humanitário ou da assistência. E há uma área imensa em que não é nada semelhante. A escala, tipicamente, é muito maior. Eu pensava que a gente ia estar a reabilitar escolas, a alimentar 100 pessoas.
Nunca pensei que estivesse a alimentar 13 milhões de pessoas por dia no Iémen. A escala é absolutamente incrível.
Por outro lado, isto é visto muitas vezes como um trabalho quase à parte. E quase todas as profissões que existem no setor privado e no setor do Estado também existem cá dentro. Nós temos advogados, temos pessoas que fazem o setor de aprovisionamento, como nos hipermercados, temos as pessoas dos Recursos Humanos. Estes trabalhos também são muito semelhantes e as competências são muito transferíveis.
Eu faço, basicamente, um trabalho do mesmo setor que os assistentes sociais ou que os bombeiros. Só que eles fazem aqui, todos os dias e eu faço noutros sítios. Mas o nosso trabalho é do mesmo setor e é muito semelhante.
PM – Quando entrei, dávamos muita comida, independentemente de haver agricultores na área. Cada vez mais damos dinheiro. Começámos a fazer esta análise inicial sobre se as pessoas estão com fome porque não há comida naquela região ou porque há comida mas não têm dinheiro para comprar.
Portanto, cerca de um terço da nossa ajuda em todo o mundo, é dada em dinheiro. Na Ucrânia, nós dávamos dinheiro e as pessoas iam comprar aquilo que precisavam, porque os mercados estavam a funcionar. Essa é uma mudança de paradigma muito forte.
Não infantilizamos as pessoas e sairmos daquela lógica de, “sabe-se lá, onde é que as pessoas vão gastar o dinheiro”. O Estado, quando lhes dá o abono de família, nós também não aceitamos que o Estado nos venha a dizer que o dinheiro não foi usado exatamente naquilo que era suposto. A ideia é que seja um complemento do rendimento das famílias.
No setor humanitário nós tivemos fazer este percurso, esta evolução de não sermos demasiado paternalistas e infantilizarmos as pessoas. A evidência é que as pessoas, quando têm mesmo necessidades, tomam as decisões certas.
Outra mudança é que subimos na cadeia de valor das necessidades. Vamos mais às causas. Fazemos menos distribuições incondicionais de assistência. Fazemos as comunidades construírem algo que elas precisam, como, por exemplo, um reservatório de água e nós pagarmos o trabalho para garantir que, no próximo choque que exista, por exemplo, uma seca, não haja tanta gente depois a precisar de ajuda direta.
PM – Se houver um tsunami, os lojistas são igualmente afetados. As estradas estão destruídas, não conseguimos trazer comida, os lojistas não conseguem trazer comida. Nós temos que montar toda uma cadeia de aprovisionamento com barcos, ou aviões, ou com o que seja. Nós substituímos quando algumas das componentes não funcionam, mas sempre com o objetivo e com a visão de que temos de sair o mais rapidamente possível para devolver a normalidade e a normalidade é nós não sermos precisos.
PM – O Sudão que é a maior crise humanitária do planeta e que passa praticamente despercebida. São 15 milhões de pessoas. Por exemplo, Gaza tem dois milhões de pessoas e, portanto, toda Gaza está com uma necessidade enorme. Mas, no Sudão, que é muito maior – tem 40 milhões de pessoas – , temos 15 milhões de pessoas em necessidade. Isto não minimiza a importância de Gaza mas a atenção que é dada à crise mais recente e mais dramática, muitas vezes apaga outras.
O Congo, que há décadas sofre uma guerra com grupos armados e que já matou milhões de pessoas, é uma crise ignorada.
O Mianmar continua com uma guerra civil que afeta quase praticamente toda a população.
Todas aquelas crises que nós já ouvimos falar antes não desapareceram. Eu comecei a minha carreira no Sudão, no Darfur, que teve muito na boca do mundo há uns anos. O Darfur não se resolveu. São milhões de deslocados internos do Darfur ainda lá estão e como saiu das notícias e saiu das análises nacionais, as pessoas assumiram, se calhar corretamente, se não aparece nas notícias é porque não deve ser um problema. Mas todas as crises que nós ouvimos falar há três, quatro, cinco, 10 anos, 20 anos tipicamente ainda lá estão. O Iémen ainda lá está. O Afeganistão ainda lá está.
Portanto, há muitas crises dessas invisíveis que nós assumimos que porque há agora uma coisa mais visível as outras devem estar resolvidas e não estão.
PM – Eu já tinha estado no Bangladesh em 2018 com a crise dos Rohingya, quando os Rohingya estavam a atravessar do Mianmar para o Bangladesh. Foi outra crise muito dramática – um milhão de pessoas atravessaram a fronteira num mês. Tivemos dias de 80 mil pessoas a chegar.
Isto foi na mesma altura em que nós estávamos a discutir a redistribuição dos 160 mil de Lesbos e de Lampedusa pelo resto da Europa. Portanto, aquilo que na altura se discutia na Europa sobre redistribuir 160 mil pessoas, nós estávamos a receber a cada dois dias e o Bangladesh a abrir os braços e dizer “bem vindos, vocês estão a sofrer imenso, são bem vindos aqui no nosso território”.
Foi, particularmente, gritante este choque entre a atitude que nós estávamos a ter aqui na Europa e a atitude que outros países têm.
É particularmente interessante que os países que se queixam mais de imigração não são, nem perto nem de longe, aqueles que têm mais imigração. O Paquistão tem dois milhões de refugiados. No Líbano, um quarto da sua população são refugiados sírios. A escala não tem nada a ver.
No Bangladesh, montamos este campo de refugiados enorme. Ainda é o campo de refugiados maior do mundo – 700 mil pessoas em Cox’s Bazar. Foi muito interessante voltar lá este ano e ver como as pessoas continuam neste limbo mas o campo tem muito melhores condições. O Bangladesh é muito sujeito a monções. Havia imensas casas que eram levadas por deslizamentos de terras, estradas que eram destruídas durante a monção. Tudo isso agora está muito melhor.
Nós damos comida seca que as pessoas têm que cozinhar, o que quer dizer que num cenário destes há uma desflorestação imensa para as pessoas poderem cozinhar. O campo agora é verdinho porque nós fizemos todo um programa. Trocámos a lenha por gás. Todos os refugiados têm em sua casa um fogão a gás e fizemos um programa inteiro de reflorestação. É muito interessante no meio de todo o dramatismo que é estas pessoas estarem neste limbo desde 2018 num campo refugiado gigantesco, ver que as condições melhoraram muito e que nós conseguimos dar condições melhores para as pessoas viverem neste limbo com um bocadinho mais de conforto.
Ciclone idai, Beira 2019
PM – Sentimo-nos muito humildes com este reconhecimento. Foi a primeira vez. Outras agências das Nações Unidas já tinham sido reconhecidas antes, mas o nosso trabalho é muito invisível, apesar de nós sermos a maior agência humanitária do planeta. Alimentamos 120 milhões de pessoas todos os dias, estamos em 100 países e, portanto, ter este reconhecimento foi importante mas, principalmente, deu-nos um palco para podermos alertar para crises como o Congo, o Mianmar, o Sudão ou Gaza, que muitas vezes passam despercebidas. Acho que nos deu um palco e um microfone que nós aproveitámos.
PM – Eu acho que é importante nós darmos conta que somos muito privilegiados. Nós estamos a trabalhar nesses sítios muito duros mas por escolha própria, por oposição às pessoas que estão lá a viver porque não têm outra opção. Nós somos muito privilegiados, podemos escolher ter esta profissão e fazê-la quando queremos e deixarmos de a fazer quando queremos. Termos essa noção é muito importante e isso permite que muitas das privações pelas quais nós passamos sejam também postas em perspetiva
Nada daquilo pelo qual passamos é irreversível ou uma fatalidade. Temos sempre uma outra alternativa, outro tipo de equilíbrio. Há trabalhadores humanitários que estão em sítios fixos com as suas famílias durante períodos longos. Muitas das emergências são mais difíceis. Nós estamos sempre a saltar de um sítio para o outro.
Eu fiz oito países no último ano e meio. Há alguma carga emocional em que estamos longe dos nossos amigos, da nossa família. Temos todas as pessoas novas que estamos a conhecer, o que também é uma oportunidade ótima para que conheçamos outras culturas.
PM – Que não desistam. Muitas vezes a diferença entre entrar e não entrar é quem é que deixa de tentar e quem continua. Eu demorei oito anos para conseguir entrar no PAM, muitos dos meus amigos diziam: “fecha essa porta, isso nunca vai acontecer”. Eventualmente aconteceu.
Por outro lado, ter consciência de que as nossas competências são transferíveis. A pessoa não deixa de ser advogado, jornalista, trabalhador de logística para passar a ser um trabalhador humanitário. Procurem as competências transferíveis e depois façam muita investigação sobre as organizações para as quais querem ir. O trabalho de adaptarem o vosso curriculum à vaga para a qual estão a fazer é o vosso trabalho não é o trabalho de quem lê o curriculum.
Portanto, o trabalho de escrever a carta de motivação e refazer o currículo de maneira a dar mais foco às áreas que se adaptam mais à vaga é um trabalho muito importante e é do candidato, não é dos Recursos Humanos. Se calhar concentrem-se mais em concorrer a menos vagas e perderem mais tempo com cada uma, do que mandarem centenas de candidaturas genéricas.
PM – Aprendi que as pessoas são essencialmente boas. Mesmo as pessoas que, às vezes, a gente ouve nas ruas, nos táxis, nos cafés a falarem genericamente mal sobre grupos de pessoas, depois de as conhecerem, têm bastante compaixão. Quando confrontados com a proximidade da tragédia, as pessoas são fundamentalmente boas e querem ajudar o próximo, mesmo que o próximo seja muito diferente. Foi bom ter-me dado conta disso, porque nem sempre é óbvio quando estamos longe destas crises.
*Sara de Melo Rocha é correspondente da ONU News em Lisboa.
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