O prefeito de Nova York, Eric Adams, retirou sua candidatura à reeleição neste domingo (28), deixando a disputa pela próxima liderança da cidade provavelmente entre o democrata socialista Zohran Mamdani e o ex-governador de Nova York Andrew Cuomo.
Adams estava muito atrás de Mamdani e Cuomo —um ex-democrata que concorre como independente após perder as prévias locais do partido justamente para o rival Mamdani— nas pesquisas de intenção de voto. O socialista mantém uma vantagem considerável antes do pleito de 4 de novembro. Adams também enfrentava dificuldades para arrecadar fundos.
“Apesar de tudo o que conquistamos, não posso continuar minha campanha de reeleição”, disse Adams em uma publicação na rede social X.
Membro da ala moderada do partido Democrata, Adams tentava a reeleição como independente. No auge de sua carreira política, ele chegou a ser considerado como um candidato com aspirações nacionais, mas foi abatido por acusações de corrupção.
Nos últimos meses, adotou um tom conciliatório com o presidente Donald Trump, encontrando-se com ele perto de seu resort de Mar-a-Lago, na Flórida, e participando de sua posse. Isso ajudou a minar sua popularidade em Nova York, cuja população é majoritariamente democrata.
Em fevereiro, o Departamento de Justiça ordenou que a Promotoria de Nova York retirasse as acusações de corrupção contra ele —gesto que Adams agradeceu.
Já Mamdani tem causado alarme em grande parte da comunidade empresarial de Nova York e em alguns setores do partido Democrata devido às suas posições à esquerda, vistas como radicais.
Nascido em Uganda e de ascendência indiana, Mamdani pode se tornar o primeiro prefeito muçulmano da história de Nova York.
A ala socialista do partido Democrata é liderada por figuras como Bernie Sanders e Alexandria Ocasio-Cortez, que apoiam Mamdani.
O receio entre os críticos de Mamdani era que Adams e Cuomo dividissem os votos da oposição, facilitando uma vitória do socialista.
Adams afirmou que cumprirá seu mandato, que termina em 1º de janeiro de 2026. “Continuarei lutando por esta cidade”, disse ele.
O ex-policial da cidade de Nova York teve um mandato extremamente impopular como líder da maior cidade dos Estados Unidos. Pesquisas recentes mostravam seu apoio à reeleição em apenas um dígito, junto com o candidato republicano Curtis Sliwa.
O presidente e nova-iorquino Donald Trump, que alertou sobre as possíveis consequências de uma vitória de Mamdani, sugeriu no início deste mês que Adams se retirasse da corrida, mesmo enquanto o prefeito insistia que permaneceria até o fim.
Adams pareceu criticar Mamdani em suas declarações neste domingo. “Grandes mudanças são bem-vindas e necessárias, mas cuidado com aqueles que afirmam que a resposta é destruir o próprio sistema que construímos juntos ao longo de gerações”, disse Adams. “Isso não é mudança, é caos.”
Durante as primárias, Mamdani, deputado da Assembleia do estado de Nova York pelo distrito do Queens, protagonizou uma campanha viral nas redes sociais.
Ele despertou o entusiasmo de um exército de jovens voluntários para amplificar sua plataforma contra o aumento do custo de vida, que inclui ônibus gratuitos, creches e o congelamento dos aluguéis regulamentados.
O aluguel de um apartamento de três quartos em Manhattan supera amplamente US$ 6.000 (R$ 32 mil) mensais.
Nova York abriga uma das maiores concentrações de milionários do mundo, mas cerca de um quarto de sua população vive na pobreza, segundo um recente relatório da associação Robin Hood e da Universidade Columbia.
Assim que ganhou as primárias, Mamdani entrou na mira de Trump e aliados.
No final de junho, Trump atacou Mamdani e disse, em entrevista à Fox News, que, caso o socialista seja eleito para a prefeitura, poderá cortar repasses federais à cidade se ele “não se comportar”.
“Ele vai ter que fazer a coisa certa, ou Nova York não receberá dinheiro algum. Ele precisa se comportar ou não terá nenhum recurso”, disse Trump na ocasião.