O presidente da Rússia, Vladimir Putin, assinou um decreto na noite da última terça-feira (29) renomeando o aeroporto de Volgogrado para Stalingrado, como a cidade era conhecida quando homenageava o ditador Josef Stálin.
Segundo o documento publicado no site do Kremlin, a mudança ocorre “para perpetuar a vitória do povo soviético na Grande Guerra Patriótica de 1941-1945”, como a Segunda Guerra Mundial é conhecida no país. A Batalha de Stalingrado, entre 1942 e 1943, foi uma das mais sangrentas do conflito, mas representou também um ponto de virada para derrotar as forças nazistas da Alemanha.
Ao todo, a Segunda Guerra Mundial custou a vida de 22 a 25 milhões de cidadãos russos, segundo estimativas. Para a população, portanto, Stalingrado evoca memórias tanto do sacrifício da guerra quanto do regime de Stálin.
A mudança é oportuna para Putin, que se prepara para as comemorações do 80º aniversário da vitória sobre a Alemanha na próxima semana e frequentemente compara a invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022, a essa luta, apresentando a guerra como uma “operação militar especial” para “desnazificar” o país vizinho.
A nação, que fazia parte da União Soviética e foi invadida pelas forças de Adolf Hitler, rejeita esses paralelos.
Apesar da repercussão, Putin avançou no tema nesta quarta-feira (30) ao afirmar que cabe aos moradores de Volgogrado decidir se a cidade deve voltar a se chamar Stalingrado. Segundo a agência de notícias estatal RIA, o líder foi questionado sobre a restauração do antigo nome da cidade e afirmou que a ideia fazia sentido.
“Isso cabe aos moradores decidir. Podemos pensar sobre isso. Os moradores terão que ser questionados”, afirmou ele. “Certamente há lógica nisso. Se removermos a ideologia disso o máximo possível, o nome estará, obviamente, ligado à vitória. Mas ainda precisamos esclarecer o que a maioria dos moradores pensa.”
A questão, no entanto, é delicada, dada a associação do nome com os horrores do regime de quase três décadas de Stálin. Stalingrado foi renomeada Volgogrado em 1961 como parte de um processo de desestalinização da Rússia.
Apesar da preparação para cerimônias suntuosas que marcarão o aniversário da vitória sobre a Alemanha nazista, líderes da maioria dos países ocidentais estão mantendo distância da Rússia desde a invasão da Ucrânia por Moscou, há mais de três anos.
Em um discurso inflamado em Volgogrado, em 2023, marcando o 80º aniversário da Batalha de Stalingrado, Putin criticou duramente a Alemanha por ajudar a armar a Ucrânia e reiterou que estava pronto para recorrer a todo o arsenal russo, incluindo armas nucleares.