A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que a recuperação e a reconstrução da Faixa de Gaza, devastada após dois anos de guerra com Israel, poderia demorar décadas e custar ao menos US$ 70 bilhões (cerca de R$ 382 bilhões).
A estimativa divulgada nesta terça-feira (14) é mais de 30% superior aos US$ 53 bilhões (R$ 306,2 bilhões) previstos pelas Nações Unidas em um relatório divulgado em março deste ano.
Segundo a entidade, países árabes e da União Europeia, além de Canadá e dos Estados Unidos, sinalizaram disposição em contribuir com o financiamento. Em suas declarações durante a cúpula realizada nesta segunda-feira (13) para assinar o acordo de paz em Gaza, Donald Trump não citou Israel entre as nações que se envolveriam na empreitada.
“Recebemos notícias muito positivas de vários de nossos parceiros, incluindo europeus, e do Canadá”, disse o representante do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), Jaco Cilliers, acrescentando que há discussões em andamento com os EUA.
Segundo Cilliers, o conflito gerou cerca de 55 milhões de toneladas de entulho, uma quantidade de escombros equivalente a 13 vezes o volume das pirâmides de Gizé. O Pnud informou que já removeu aproximadamente 81 mil toneladas de entulho da Faixa de Gaza e continua com as operações de limpeza.
Grande parte da destruição está concentrada na Cidade de Gaza, capital do território, que foi palco de alguns dos bombardeios mais intensos. Mais de 80% de todos os edifícios do maior centro urbano de Gaza foram danificados, de acordo com o Centro de Satélites das Nações Unidas (Unosat).
A ONU afirmou que terá de mapear as prioridades na reconstrução. Nos próximos três anos, serão necessários US$ 20 bilhões (R$ 115,4 bilhões). “Nem todos os locais poderão ser reconstruídos num primeiro momento”, sinalizou Cilliers.
Parte da prioridade será garantir a entrada de material para a retomada de serviços de saneamento e abastecimento de água.
Desde que o acordo de cessar-fogo entre o grupo terrorista Hamas e Israel entrou em vigor na última sexta (10), houve um recuo de tropas israelenses, e palestinos deslocados começaram a voltar para as suas casas.
Nesta segunda (13), como parte do plano de paz, os últimos 20 reféns vivos do Hamas foram libertados, e Tel Aviv soltou quase 2.000 prisioneiros palestinos.
Dúvidas sobre os próximos passos do acordo pairam sobre a região, e questões cruciais seguem sem resolução —como o desarmamento do Hamas, a reconstrução da Gaza e a natureza exata do governo tecnocrático que deve assumir o controle do território palestino.
Esses pontos fazem parte do plano de paz de Donald Trump, aprovado tanto por Israel quanto pela liderança do Hamas e referendado por países mediadores, como Egito, Turquia e Qatar.