O ministro do Interior da Venezuela e número 2 do chavismo, Diosdado Cabello, anunciou nesta sexta-feira (23) a prisão do líder da oposição Juan Pablo Guanipa, a quem vinculou a uma suposta “rede terrorista” que atentaria contra as eleições estaduais deste domingo (25).
“Ele é um dos líderes desta rede terrorista”, disse Cabello em um discurso na televisão estatal. “Quatro celulares foram apreendidos, além de um laptop. Aí está todo o plano”.
Guanipa integrou o Parlamento eleito em 2015, controlado pela oposição, no último pleito considerado livre na Venezuela. Foi, inclusive, vice-presidente da Assembleia em 2020, quando Juan Guaidó era reconhecido como presidente interino da Venezuela por Estados Unidos, Colômbia e outros países.
Cabello também anunciou a prisão de outras pessoas supostamente envolvidas na conspiração, incluindo estrangeiros, e exibiu imagens de Guanipa algemado, com um colete à prova de balas, escoltado por policiais vestidos de preto e encapuzados.
Uma mensagem foi publicada pouco depois na conta de Guanipa no X: “Se estão lendo isto, é porque fui sequestrado pelas forças do regime de Nicolás Maduro.”
“Não tenho certeza do que vai me acontecer nas próximas horas, dias ou semanas. Mas do que tenho certeza é que venceremos a longa luta contra a ditadura”, acrescentava o texto.
O irmão de Guanipa, Pedro, foi preso em setembro por suposta corrupção na prefeitura de Maracaibo, onde era funcionário.
Setenta pessoas, incluindo estrangeiros, já foram detidas no suposto complô para realizar ataques durante as eleições regionais e legislativas de domingo, acrescentou Cabello.
Nesta segunda-feira(19), Cabello também anunciou a suspensão de voos com a Colômbia após, afirmar que mercenários usaram essa via para entrar no país e tentar sabotar as eleições.
Na clandestinidade, Guanipa era um colaborador próximo da líder opositora María Corina Machado, que o chama de irmão.
Machado denunciou a prisão por meio de uma publicação na rede social X: “O regime criminoso de Nicolás Maduro acaba de sequestrar Juan Pablo Guanipa e mais de 50 líderes políticos e sociais, defensores de direitos humanos, jornalistas e ativistas, numa operação feroz em todo o país.” Ela classificou a ação como um caso claro de “terrorismo de Estado”.