O governo britânico anunciou, neste domingo (2), que irá retirar o título honorário de vice-almirante do ex-príncipe Andrew, a última patente militar que que o membro da família real envolto em escândalos ainda possuía.

Andrew já havia perdido seus títulos militares honorários em 2022, por decisão de sua mãe, a falecida rainha Elizabeth 2ª, após ser processado por Virginia Giuffre, a principal acusadora do criminoso sexual americano Jeffrey Epstein.

Já na última quinta-feira (30), o rei Charles 3º retirou todos os títulos e honrarias reais restantes de seu irmão, em meio à indignação no Reino Unido pelos vínculos de Andrew com Epstein. Um levantamento da empresa de pesquisas YouGov feito em agosto apontou que 67% dos britânicos apoiavam que Andrew perdesse os títulos reais, enquanto apenas 13% se opunham à medida.

O ex-duque de York, título que Andrew renunciou no dia 17 de outubro, também deverá deixar a residência que mora em Windsor e que pertence à coroa britânica.

“Andrew renunciou aos cargos honorários que ocupava nas Forças Armadas (…). Guiados mais uma vez pelo rei, estamos agora trabalhando para remover o último título de vice-almirante que ele ainda possui”, disse o secretário de Defesa, John Healey, ao veículo britânico BBC.

Healey afirmou que o governo também se guiará pela opinião do rei sobre se Andrew deve ou não perder suas medalhas militares.

O ex-príncipe sempre negou ter abusado sexualmente de Virginia Giuffre, que cometeu suicídio em abril deste ano, aos 41 anos. Em suas memórias póstumas, publicadas em outubro, Giuffre disse ter sido forçada a fazer sexo com ele em três ocasiões, duas delas quando tinha apenas 17 anos.

Os encontros teriam sido organizados por Jeffrey Epstein, que se matou em 2019 em uma cadeia em Nova York antes de ser julgado pelas acusações de manter uma rede de exploração e tráfico sexual, um dos maiores escândalos de pedofilia dos Estados Unidos.

Segundo o livro, ela conheceu Andrew em março de 2001 em Londres, na casa de Ghislaine Maxwell, então namorada de Epstein e condenada pela Justiça dos EUA em cinco acusações por recrutar jovens e ajudar o investidor a abusar delas.

Andrew nega as acusações e disse nunca ter conhecido Giufffre, apesar da existência de uma foto mostrando os dois juntos ao lado de Ghislaine. A imagem foi divulgada pelo Tribunal Federal do Distrito Sul de Nova York em 2021, quando Virginia Giuffre moveu um proceso contra o então príncipe.

No ano seguinte, ambos firmaram um acordo extrajudicial confidencial. De acordo com o jornal Daily Telegraph, Andrew teria pago cerca de 12 milhões de libras, sendo 10 milhões para Giuffre e o restante para uma entidade de apoio a vítimas de tráfico sexual.

Além dos escândalos envolvendo Epstein, Andrew também é alvo de outras acusações sobre envolvimento com prostituição e desvio de verbas públicas.

O historiador Andrew Lownie, autor de uma biografia não autorizada sobre o ex-príncipe, afirmou na sexta-feira (31), em entrevista a um podcast do tabloide britânico Daily Mail, que Andrew teria levado 40 prostitutas a um quarto de hotel durante quatro dias, enquanto cumpria uma visita oficial em Bangkok, capital da Tailândia, paga com dinheiro público.

No livro Entitled, publicado em agosto, Lownie escreve que os encontros ocorreram quando Andrew representava a família real britânica nas comemorações do jubileu de diamante do então rei da Tailândia, Bhumibol Adulyadej.

“Muitas vezes, assim que uma saía, outra chegava. A equipe do hotel ficou espantada —estão acostumados a estrangeiros que levam garotas aos quartos, mas mais de dez por dia indo ao quarto de Andrew era algo inédito. E tudo isso acontecia enquanto ele cumpria compromissos oficiais”, escreveu Lownie.

Segundo o autor, o ex-príncipe usava sua posição como enviado comercial do Reino Unido, cargo que exerceu de 2001 a 2011, para benefício de seus negócios privados.