As restrições impostas pelo governo de Donald Trump a estudantes estrangeiros ameaçam a princesa Elisabeth, futura rainha da Bélgica, que aos 23 anos cursa políticas públicas em Harvard. Ela concluiu recentemente seu primeiro ano na universidade dos Estados Unidos.
Na quinta-feira (22), Trump revogou a autorização de Harvard para matricular estudantes internacionais. A medida obriga os atuais alunos estrangeiros a se transferirem para outras instituições ou a enfrentarem a perda do status legal nos EUA. Além disso, há ameaça de extensão da medida a outras universidades.
Nesta sexta-feira (23), o governo sofreu um revés diante da decisão judicial que bloqueia o que Trump quis impor a Harvard. É uma decisão temporária, no entanto, da qual a Casa Branca deve recorrer.
Diante dessas ameaças, o porta-voz do Palácio Real Belga, Lore Vandoorne, fez um pronunciamento sobre a situação de sua futura soberana. “A princesa Elisabeth acabou de completar seu primeiro ano [em Harvard]. O impacto da decisão [do governo Trump] só ficará mais claro nos próximos dias/semanas. Estamos atualmente investigando a situação”.
“Estamos analisando isso no momento e vamos deixar as coisas se assentarem”, acrescentou o diretor de comunicação do Palácio, Xavier Baert.
Elisabeth estuda políticas públicas em um programa de mestrado de dois anos de Harvard que, segundo o site da universidade, amplia as perspectivas dos estudantes e aprimora suas habilidades para uma “carreira de sucesso no serviço público”.
A princesa é herdeira do trono belga, sendo a mais velha dos quatro filhos do rei Philippe e da rainha Mathilde. Antes de frequentar Harvard, ela obteve um diploma em história e política na Universidade de Oxford, no Reino Unido.
Nas últimas semanas, o governo Trump congelou ou rescindiu contratos e subsídios federais a Harvard que somam quase US$ 3 bilhões (R$ 16,9 bilhões). Somente na terça (20), o Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA cortou US$ 60 milhões (R$ 338 milhões) em repasses federais destinados à instituição de ensino.
Agora o governo americano ameaça interferir em uma das principais fontes de renda de Harvard. Estudantes estrangeiros representam 27% do total de matriculados na universidade, mas muitos deles vêm de famílias ricas e pagam integralmente as altas mensalidades da instituição —ajudando, inclusive, a subsidiar bolsas para americanos de baixa renda. No total, havia 6.700 alunos internacionais em Harvard em 2024.
Segundo o Departamento de Segurança Nacional, a decisão foi tomada depois que Harvard se recusou a entregar dados detalhados sobre os estudantes estrangeiros, incluindo imagens de suposta participação de alunos de outros países em protestos pró-Palestina.
Em nota, Harvard disse que a suspensão de matrículas de estudantes estrangeiros é ilegal. “Estamos comprometidos em manter nossa capacidade de receber alunos e docentes internacionais, que vêm de mais de 140 países e enriquecem nossa universidade e o país imensamente”, afirma o texto. “Estamos trabalhando para acolher os membros da nossa comunidade. Essa ação [do governo] pode causar sério dano a nosso país e mina a missão acadêmica e de pesquisa de Harvard.”