Uma ativista russa que ajudou a organizar ajuda humanitária para a Ucrânia e a transferir ucranianos da zona de guerra foi condenada a 22 anos de prisão por um tribunal militar de Moscou, de acordo com a agência estatal RIA.
Nadejda Rossinskaia, também conhecida como Nadin Geisler, liderava o grupo “Exército das Belezas”, que afirmou ter ajudado cerca de 25 mil pessoas nas áreas da Ucrânia controladas pela Rússia entre 2022 e 2023, de acordo com relato do jornal The Moscow Times.
Segundo a publicação, Geisler disse que fugiu para a Geórgia em maio de 2023, logo após as autoridades russas prenderem uma jovem que havia feito uma doação para sua iniciativa.
As autoridades prenderam Geisler em fevereiro de 2024 e, posteriormente, a acusaram de traição e de auxiliar atividades terroristas por causa de uma postagem no Instagram em que ela teria pedido doações para o Batalhão Azov da Ucrânia.
O batalhão, originalmente uma milícia paramilitar formada em 2014 para combater separatistas pró-Rússia, foi incorporado à Guarda Nacional da Ucrânia, mas continua sendo alvo de controvérsia por seu passado ligado a grupos de extrema direita e por abrigar membros com simbologia e retórica neonazista, o que Moscou frequentemente explora em sua propaganda.
Geisler negou qualquer crime, e seu advogado afirmou que ela não foi a autora da postagem, conforme uma transcrição do julgamento compilada pelo Mediazona, um portal russo independente.
Os promotores pediram uma pena de 27 anos de prisão para Geisler, atualmente com 30 anos de idade.
De acordo com o Mediazona, a própria Geisler solicitou ao tribunal uma sentença de 27 anos e um dia, para que sua pena fosse maior que a de Daria Trepova, uma mulher russa presa por entregar uma bomba que matou um blogueiro pró-guerra em 2023. A sentença de Trepova, emitida no ano passado, foi a mais longa já dada a uma mulher na história moderna da Rússia.
As acusações de terrorismo, espionagem e cooperação com estados estrangeiros aumentaram consideravelmente na Rússia desde o início da guerra em larga escala na Ucrânia, há mais de três anos.
A associação de advogados russos Pervy Otdel informou que 359 pessoas foram condenadas por tais crimes em 2024.