A Rússia anunciou nesta quarta-feira (13) a restrição parcial de chamadas nos aplicativos de mensagens WhatsApp e Telegram, sob o argumento de que as plataformas estrangeiras não colaboram com investigações de fraude e terrorismo.
O anúncio foi feito pelo Ministério do Desenvolvimento Digital, segundo as agências de notícias RIA e Tass.
De acordo com o órgão regulador de comunicações Roskomnadzor, os aplicativos se tornaram “os principais serviços de voz utilizados para fraude e extorsão, e para envolver cidadãos russos em atividades subversivas e terroristas”.
“Com o objetivo de combater os criminosos, estão sendo tomadas medidas para restringir parcialmente as chamadas nestes aplicativos de mensagem estrangeiras”, afirmou ainda o órgão de controle russo.
O acesso às chamadas, de acordo com o ministério, será restabelecido quando as empresas cumprirem integralmente a legislação russa. Moscou exige que as plataformas abram representações legais no país, sigam todas as leis locais e cooperem com o Roskomnadzor e forças de segurança.
As autoridades afirmam que, além de investigações de crimes financeiros, querem acesso a dados para apurar casos que consideram terrorismo. Serviços de segurança russos também acusam a Ucrânia de usar o Telegram para recrutar pessoas e fazer atos de sabotagem no país.
O Telegram afirmou em um comunicado que “luta ativamente contra o uso indevido de sua plataforma” e elimina “milhares de conteúdos nocivos todos os dias”.
A Rússia vem entrando em conflito com plataformas de tecnologia estrangeiras há vários anos sobre questões de conteúdo e armazenamento de dados, em uma disputa que se intensificou após a invasão da Ucrânia. Críticos do governo afirmam que a Rússia busca expandir seu controle sobre o espaço da internet no país.
A Meta foi classificada como uma organização extremista por Moscou em 2022, mas o WhatsApp, amplamente utilizado na Rússia, pôde continuar operando. A empresa já recebeu algumas multas por não remover informações proibidas pelo país.
O presidente Vladimir Putin autorizou o desenvolvimento de um aplicativo de mensagens estatal, integrado aos serviços governamentais, reduzindo sua dependência de plataformas como WhatsApp e Telegram.
Críticos expressaram preocupações de que a nova ferramenta possa monitorar as atividades dos usuários e sugeriram que o país poderia reduzir a velocidade do WhatsApp para forçar a migração para a nova plataforma.
A Human Rights Watch afirmou, em um relatório do mês passado, que o governo russo está ampliando suas capacidades tecnológicas e seu controle sobre a infraestrutura de internet do país, permitindo um bloqueio e uma limitação mais amplos de sites indesejados e de ferramentas para contornar a censura.