A secretária de Justiça do governo Donald Trump, Pam Bondi, disse nesta quarta-feira (19) que vai liberar os arquivos do caso Jeffrey Epstein em até 30 dias depois de o Congresso dos Estados Unidos aprovar nesta terça (18) uma lei exigindo essa publicação. O texto ainda precisa ser sancionado por Trump.
O Departamento de Justiça, que controla o FBI, a polícia federal americana, foi responsável pelo caso a nível federal que prendeu o financista e abusador em 2019, acusado de coordenar uma ampla rede de tráfico sexual. Epstein morreu na prisão um mês depois, em um caso que foi considerado suicídio.
Trump, que é citado na investigação, tem resistido a divulgar os materiais, embora tenha prometido que assinará a legislação. Ainda não se sabe se os papéis que ainda são sigilosos ajudarão a elucidar questões sem resposta no caso —como, por exemplo, se Trump sabia dos abusos e até mesmo se teria participado deles, como alguns dos emails que já vieram à tona dão a entender.
Neles, Epstein escreveu que Trump passou “horas em sua casa” com uma das vítimas e que o atual presidente “sabia sobre as meninas” envolvidas em seu esquema, sem esclarecer o que quis dizer exatamente com a frase.
A resistência do presidente americano causou desgaste sem precedentes entre o governo e sua base do Partido Republicano, com alguns parlamentares governistas chegando a sugerir que Trump teria algo a esconder. Quando ficou claro que a pressão era grande demais, o presidente mudou de estratégia e passou a apoiar a divulgação do material —o que resultou na aprovação quase unânime da lei na Câmara e no Senado na terça.
“Continuaremos e seguir a lei e a priorizar a transparência”, disse Bondi nesta quarta. Apesar da aprovação da lei, críticos apontam que Trump não precisava de legislação do tipo se quisesse ordenar a publicação dos arquivos Epstein, e ainda não está claro o que será divulgado.
O Departamento de Justiça, que nos EUA tem funções similares às do Ministério Público Federal no Brasil, disse que não divulgará trechos da investigação que revelem nomes de vítimas ou que possam interferir em investigações em andamento. Isso inclui a mais recente, contra o ex-presidente Bill Clinton, cuja abertura foi determinada por Trump em uma tentativa de aliviar a pressão de sua base a respeito do tema.
Além de Clinton, outras figuras ligadas ao Partido Democrata também são citadas nas últimas revelações, como o ex-secretário do Tesouro de Clinton Larry Summers. O professor de Harvard disse na segunda (17) estar “profundamente envergonhado” por manter contato com Epstein e anunciou que vai se afastar de compromissos públicos enquanto tenta “reconstruir confiança e reparar relações”.
Ele disse, porém, que continuará dando aulas na universidade, mesmo diante da pressão para que a instituição rompa vínculos com ele. Harvard anunciou que abrirá nova investigação contra Summers, e o ex-secretário também renunciou ao cargo que ocupava no conselho diretor da OpenAI.
Na noite de terça, Trump publicou em sua rede social, a Truth Social, que não se importava com a aprovação da lei. “Só não quero que os republicanos esqueçam de todas as vitórias que tivemos”, escreveu o presidente, citando seu pacote orçamentário, “fronteiras fechadas”, cortes de impostos e “ser respeitado por todos os países no mundo”, entre outros. Desde a aprovação do texto pelo Senado, não voltou a mencionar o assunto.




