O Senado do Texas aprovou, na madrugada deste sábado (23), um novo mapa dos distritos eleitorais desenhado para eleger mais republicanos na Câmara dos Estados Unidos em 2026. A ofensiva deu início a uma disputa entre os partidos e se espalhou para outros estados, o que provavelmente afetará as eleições de meio de mandato de 2026, as chamadas midterms.
A aprovação final ocorreu poucos dias após o projeto passar pela Câmara do Texas, na quarta-feira (20). Agora, o texto precisa apenas ser sancionado pelo governador republicano Greg Abbott, o que ele prometeu fazer assim que o documento chegar à sua mesa.
Os novos limites nos distritos eleitorais do Texas foram traçados para dar aos republicanos até cinco cadeiras na Câmara dos EUA e ajudar a preservar a pequena maioria do partido na Casa.
“Estou convencido de que, se o Texas não tomar essa medida, existe um risco extremo de que a maioria republicana seja perdida”, disse o senador estadual Phil King durante o debate da sexta (22). Ele afirmou em vários momentos que não “analisou nenhum dado racial”. “Este mapa é legal em todos os aspectos.”
A declaração de King diz respeito à acusação de seus colegas democratas, que bloquearam temporariamente a aprovação do mapa com uma greve sob a justificativa de que as novas linhas diminuíram ilegalmente o poder de voto dos texanos negros e hispânicos. Eles prometeram entrar com uma ação judicial contra o mapa após sua aprovação.
Após mais de oito horas de debate, uma moção processual dos republicanos negou aos democratas a chance de obstrução, levando a Câmara à votação final. A ação argumentava que uma senadora estadual democrata que planejava obstruir a votação, Carol Alvarado, havia promovido o bloqueio como um evento para arrecadação de fundos de campanha.
Por fim, o projeto de lei foi aprovado por 18 votos a 11, pouco depois da 0h30. O vice-governador, Dan Patrick, pediu que manifestantes na galeria, que gritavam “vergonha” e “fascista”, fossem removidas. O Senado adiou a sessão até terça-feira (26), às 15h.
As repercussões do redistritamento no Texas foram drásticas.
O presidente americano, Donald Trump, havia abordado essa possibilidade há meses na esperança de evitar vitórias democratas nas eleições do ano que vem, o que custaria ao seu partido o controle da Câmara em 2027. Desde então, o redistritamento antes da divulgação dos resultados do censo decenal deixou de ser tabu na política americana e ameaça reverter décadas de esforços por um mapeamento político menos partidário.
Na quinta-feira (21), legisladores democratas na Califórnia entraram na batalha e aprovaram um novo mapa do estado, projetado para transferir cinco cadeiras republicanas para os democratas, o que compensaria as possíveis perdas no Texas e provavelmente será apresentado aos eleitores da Califórnia em um referendo em novembro.
Agora, Trump também está pressionando os legisladores republicanos de Missouri, Indiana e Ohio, onde mais cadeiras republicanas podem ser extraídas de mapas que já favorecem o Partido Republicano. O presidente republicano da Câmara dos Representantes da Flórida também prometeu incluir seu estado na disputa.
Os resultados, porém, podem não ser suficientes para manter o controle republicano da Câmara dos Representantes dos EUA, onde o partido atualmente detém uma maioria estreita de quatro cadeiras.
Isso porque midterms costumam favorecer o partido fora do poder na Casa Branca. Mesmo sem os estados com maior probabilidade de êxito no redesenho dos mapas —Texas, Califórnia, Missouri, Indiana e Ohio—, 27 cadeiras na Câmara que foram decididas por menos de 5 pontos percentuais em 2024 permanecerão em disputa; 14 delas são ocupadas por republicanos.
Mesmo assim, o impacto dessas iniciativas podem tornar a Câmara ainda mais partidária do que é agora, à medida que ambos os partidos se movem para tomar cadeiras de seus rivais.
Independentemente disso, a aprovação do mapa do Texas foi uma grande vitória para Trump. O governador Gavin Newsom, da Califórnia, pode ter anulado numericamente as conquistas do presidente no Texas, mas ele ainda enfrenta uma campanha para que seus mapas sejam aprovados pelos eleitores que apoiaram majoritariamente a comissão apartidária de redistritamento que o novo mapa substituiria temporariamente.
Em Nova York, a governadora Kathy Hochul se reuniu com líderes democratas estaduais na quinta, mas eles ainda enfrentam impedimentos legais que provavelmente impedirão qualquer redistritamento antes de 2026. Outros estados democratas, como Maryland e Illinois, estão enfrentando obstáculos semelhantes.
O Texas não enfrentou tais impedimentos, onde a Assembleia Legislativa estadual, dominada pelos republicanos, controla completamente o processo de redistritamento.