O Partido de Ação Popular de Singapura, legenda conservadora que governa o país há seis décadas, obteve vitória folgada em eleição parlamentar neste sábado (3), conquistando 87 de 97 assentos. Trata-se da 14ª eleição vitoriosa consecutiva, segundo os resultados divulgados pela comissão eleitoral.
O PAP ainda não foi pronunciado formalmente vencedor, mas venceu em 30 das 33 comarcas, segundo a comissão.
A eleição foi um indicador da popularidade do PAP, que comanda a nação asiática desde antes de sua independência, em 1965.
Havia a expectativa de a oposição desafiar o controle absoluto do PAP sobre o poder e avançar, após ganhos pequenos (mas sem precedentes) na última eleição. Este cenário, porém, não se confirmou.
O principal partido de oposição, o Partido dos Trabalhadores, levou 10 assentos, o mesmo número da última eleição. Foi o maior número de cadeiras conquistado por qualquer partido de oposição em Singapura.
Embora o PAP tenha consistentemente obtido vitórias esmagadoras, com cerca de 90% dos assentos, sua parcela do voto popular é observada de perto como uma medida de sua força. Uma prioridade do novo primeiro-ministro, Lawrence Wong, era melhorar os 60,1% do PAP na eleição de 2020 —um de seus piores desempenhos registrados. Conseguiram: o PAP conquistou 89 assentos, diante de 83 em 2020.
O custo de vida e a falta de moradia em uma das cidades-Estado mais caras do mundo foram questões-chave na eleição de sábado (3) e continuam sendo um desafio significativo para Wong. Seu governo disse que o país pode entrar em recessão caso se torne dano colateral na guerra de tarifas dos EUA. Como um dos principais portais comerciais para a Ásia, Singapura pode ser duramente afetada por qualquer desaceleração do comércio global. O impacto da queda de exportações da China para os EUA, que frequentemente passam por Singapura, seria enorme, advertiram autoridades.
A eleição foi a primeira do PAP sob a liderança de Wong, 52, que no ano passado se tornou o quarto primeiro-ministro de Singapura, prometendo continuidade. Ele assumiu no fim do mandato de duas décadas de Lee Hsien Loong, filho do ex-líder Lee Kuan Yew (1923-2015), o fundador da Singapura moderna.
“Não é apenas o status quo, é também a margem de vitória em cada uma das comarcas, e você pode ver que os números são notáveis”, disse Mustafa Izzuddin, professor sênior adjunto da Universidade Nacional de Singapura. “Isso certamente aponta, neste momento, para um mandato forte para o primeiro-ministro.”
Embora uma derrota do PAP sempre fosse extremamente improvável, alguns analistas haviam dito que a eleição poderia ter alterado a dinâmica política nos próximos anos se a oposição avançasse mais.
Alguns eleitores mais jovens têm demonstrado interesse em ver vozes alternativas. Mas isso pode levar tempo. Como em eleições anteriores, a disputa deste sábado (3) foi desequilibrada, com 46% de todos os candidatos sendo filiados ao PAP, que concorreu para todos os 97 assentos, ante apenas 26 disputados pelo Partido dos Trabalhadores.