Um tribunal equatoriano condenou, nesta segunda-feira (22), 11 soldados a mais de 34 anos de prisão pelo desaparecimento forçado de quatro crianças e adolescentes com idades entre 11 e 15 anos durante operações de segurança na maior cidade do país sul-americano, Guayaquil, há um ano.
Essa foi a pena pedida pelos promotores contra os 11 soldados acusados de perpetrar diretamente os crimes, entre os 17 réus.
O tribunal também condenou cinco soldados que colaboraram com a Justiça a dois anos e meio de prisão. Um tenente-coronel acusado de cumplicidade, mas que não fazia parte da patrulha, foi declarado inocente.
As quatro vítimas desapareceram em dezembro do ano passado no bairro Las Malvinas, em Guayaquil, durante uma ofensiva militar contra o crime organizado lançada pelo presidente Daniel Noboa. Noboa decretou vários estados de emergência e ordenou que soldados patrulhassem as ruas.
Os menores foram detidos pelos soldados durante uma patrulha noturna. Foram espancados, despidos e abandonados nus em Taura, uma comunidade rural marcada pela violência a cerca de 30 quilômetros ao sul da cidade. Um dos garotos chegou a telefonar para seu pai apontando a localização do grupo em Taura. Quando o pai chegou para buscá-los, no entanto, não conseguiu encontrá-los, segundo depoimentos de testemunhas.
Desaparecidos por quase três semanas, os corpos das crianças e adolescentes foram encontrados queimados. Os relatórios de legistas descreviam sinais de tortura e diziam que os quatro foram baleados pelas costas. Dias depois, as autoridades disseram ter identificado os quatro corpos carbonizados encontrados em Taura como sendo das crianças desaparecidas.
“A patrulha abandonou os menores naquela área, sabendo que era perigosa, isolada e abandonada”, disse o juiz Jovanny Suarez na decisão que encerrou um julgamento criminal que levou várias semanas.
Os advogados dos soldados argumentaram que as evidências dos promotores não eram conclusivas, que os soldados foram enviados para patrulha sem treinamento prévio e que haviam deixado os menores vivos em Taura.
O ministro da Defesa, Gian Carlo Loffredo, disse no início da investigação que as crianças haviam sido detidas por suposto envolvimento em um roubo.
Os familiares dos meninos disseram que eles haviam saído de casa para jogar futebol no dia em que desapareceram. Seus advogados afirmaram que as autópsias encontraram ferimentos e contusões sofridos antes de suas mortes.




