Trinidad e Tobago é palco da disputa entre EUA e Venezuela – 30/10/2025 – Mundo

Trinidad e Tobago é palco da disputa entre EUA e


O pequeno país caribenho de Trinidad e Tobago se encontra no meio das tensões entre Estados Unidos e Venezuela. Um navio de guerra lança-mísseis dos EUA chegou no último domingo (26) ao país, como parte de uma operação antidrogas no Caribe que amplia a pressão sobre o ditador Nicolás Maduro. No dia seguinte, o regime suspendeu o acordo energético que mantinha com o país.

O navio, o USS Gravely, deixou Trinidad e Tobago nesta quinta-feira (30), após quatro dias parado em frente às águas territoriais da Venezuela.

As duas ilhas principais que formam o país estão localizadas próximas ao delta do rio Orinoco, a apenas 12 km da costa venezuelana. As autoridades locais iniciaram uma investigação da morte de dois cidadãos que teriam sido vítimas dos ataques dos Estados Unidos contra embarcações no Caribe e no Pacífico.

PANORAMA E HISTÓRIA

Trinidad foi colonizada pela Espanha em 1498, quando Cristóvão Colombo a batizou em homenagem à Santíssima Trindade. Em 1802, o território foi transferido ao domínio britânico, e com a imposição do inglês, sua capital passou a ser conhecida como Port of Spain (Porto da Espanha, mas nomeado em inglês mesmo).

Sua colonização foi baseada na produção de açúcar com mão de obra escravizada, e após a abolição em 1834, foram trazidos trabalhadores indianos para a ilha. Estes se concentraram nas zonas agrícolas, enquanto os descendentes de africanos escravizados se estabeleceram nas cidades.

Em 1898, os colonizadores britânicos unificaram a administração com Tobago, cujo nome também foi escolhido por Colombo e provavelmente deriva da palavra espanhola para tabaco. Trinidad abriga 96% da população. Tobago mantém certo grau de autonomia, com seu próprio órgão legislativo.

Com sua história particular, o país tem hoje 35,4% da população com origem indiana, 34,2% africana e 22,8% que se identificam com duas ou mais origens, segundo o último censo nacional. O que também se reflete na religião: 32% são protestantes, 21% católicos, 18% hindus e 5% muçulmanos.

Em 1970, após a independência protestos inspirados pelo movimento Black Power sacudiram o país, reunindo trabalhadores negros, desempregados e outros setores marginalizados no que ficou conhecido como a Revolta do Poder Negro. Os EUA chegaram a enviar seis navios de guerra à região, além de armas e munições, mas não intervieram diretamente.

ECONOMIA

Após o colapso das indústrias de açúcar e cacau, Trinidad e Tobago tornou-se fortemente dependente da exploração do petróleo. Na mesma década, a valorização internacional do combustível fóssil entre 1970 e 1977 impulsionou uma expansão econômica de 72,5%. Grandes empresas estrangeiras, como Shell e Texaco, instalaram refinarias na ilha, transformando-a no principal fornecedor para o Caribe.

O avanço econômico deveu-se, sobretudo, a investimentos em gás natural liquefeito, petroquímica e aço — setores que, no entanto, geram poucos empregos proporcionais. Desde os anos 2000, a produção de petróleo caiu drasticamente, chegando a 54 mil barris por dia em 2025.

Definido pelo Banco Mundial como uma nação de alta renda, com o PIB per capita superior ao do Brasil, o país enfrenta a perspectiva de um crescimento baixo crônico, segundo relatório da OCDE de 2024. Ainda segundo esta organização, a crise climática custou aos países caribenhos, em média, 2,13% do PIB regional por ano entre 1980 e 2020.

A dependência energética e a posição estratégica no Caribe colocam Trinidad e Tobago em um ponto sensível entre os interesses dos Estados Unidos e da Venezuela.

Em 13 de agosto de 2025, o governo da primeira-ministra Kamla Persad-Bissessar sinalizou sua intenção de prosseguir com a exploração de petróleo e gás ao assinar um acordo com a americana ExxonMobil para explorar um vasto bloco em águas ultraprofundas na costa leste do país.

Segundo Carolina da Silva Pedroso, especialista em Venezuela, sob o chavismo o país adotou uma “diplomacia do petróleo” para se aproximar das ilhas caribenhas e obter apoio político regional em uma área historicamente influenciada pelos EUA.

“Mesmo tendo acordos energéticos com a Venezuela, Trinidad e Tobago, com suas próprias reservas de petróleo e gás natural, mostrou-se muito menos permeável à influência venezuelana” afirma Pedroso, professora de relações internacionais na Universidade Federal de São Paulo.

Nos últimos anos, o país também recebeu diretamente os impactos da crise humanitária venezuelana. No ápice da onda migratória, venezuelanos foram a nado ao país vizinho. O grande fluxo humano encontrou um país com poucas estruturas para recebê-lo, alimentando o discurso anti-imigração e a oposição a Maduro no país, explica.

A relação bilateral deteriorou-se ainda mais com a chegada de Bissessar ao poder, cujo discurso alinha-se a Washington e é abertamente crítico à imigração venezuelana.

Em meio à escalada de tensões entre Trump e Maduro, a chegada de um navio de guerra americano provocou forte reação em Caracas, que rompeu acordos de gás natural após a primeira-ministra afirmar que o país não seria suscetível a chantagens por parte dos venezuelanos em busca de apoio político.



Fonte CNN BRASIL

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