A Casa Branca está preparando um decreto sobre violência política e discurso de ódio, disse uma autoridade do governo de Donald Trump nesta quarta-feira (17), enquanto dezenas de organizações sem fins lucrativos de esquerda rejeitaram o que descrevem como esforços para minar seu trabalho.
O governo intensificou o escrutínio de organizações liberais após o assassinato do ativista conservador Charlie Kirk, um aliado fiel de Trump. O presidente e outros republicanos acusam grupos liberais de contribuírem para o aumento do discurso de ódio e da intolerância, enquanto se recusam a criticar grupos e ativistas de direita que contribuíram para as divisões do país.
Os detalhes do plano do governo, que pode ser publicado ainda esta semana, ainda estão sendo elaborados pelos principais assessores de Trump, incluindo Stephen Miller, vice-chefe de gabinete da Casa Branca que ajudou a liderar a resposta ao assassinato de Kirk, de acordo com a autoridade ouvida sob anonimato. Trump viajou ao Reino Unido nesta semana, o que pode afetar o cronograma da nova ordem.
A Casa Branca acusa organizações de esquerda de fomentar tumultos e atacar policiais e prometeu investigar o que descreve como uma rede de grupos que incitam a violência em comunidades americanas.
Críticos dizem que o foco de Trump em organizações de esquerda ignora o fato de que, em seu primeiro dia de mandato, em janeiro, ele perdoou apoiadores condenados pela invasão do Capitólio dos EUA em 6 de janeiro de 2021, incluindo alguns que atacaram policiais.
Grupos de esquerda se opuseram às novas iniciativas da Casa Branca.
Na quarta-feira, mais de 120 potenciais alvos do governo publicaram uma carta rejeitando o que, segundo eles, é uma tentativa de explorar a violência política para descaracterizar seu trabalho.
Os signatários da carta incluem fundações de esquerda que foram publicamente apontadas pelo governo como potenciais alvos, como a Fundação Ford, a Open Society Foundations e a Fundação Tides, mas também organizações sem fins lucrativos mais tradicionais, como a Fundação Bush.
“Rejeitamos tentativas de explorar a violência política para descaracterizar nosso bom trabalho ou restringir nossas liberdades fundamentais, como a liberdade de expressão e a liberdade de doação”, diz a carta.
Trump sugeriu que a secretária de Justiça, Pam Bondi, pode usar o estatuto federal de extorsão para processar grupos que, segundo ele, financiam a violência de esquerda. Ele também mencionou a possibilidade de classificar alguns grupos de esquerda como organizações terroristas.
Nesta quarta, o presidente anunciou que classificou a Antifa, grupo descentralizado de combate ao fascismo e ao racismo, de uma organização terrorista de grande escala.
Se o governo levar adiante tais planos, isso marcará a mais recente escalada em uma campanha mais ampla de Trump para desafiar e degradar instituições com as quais discorda.
Como parte de sua ofensiva contra instituições liberais, Trump reteve verbas federais da Universidade Harvard, da Universidade Columbia e de outras instituições, argumentando que elas promovem uma ideologia liberal, incentivam a dissidência política e apoiam o antissemitismo.
O Departamento de Justiça abriu uma investigação sobre o ActBlue, o principal site de arrecadação de fundos para candidatos democratas. A Casa Branca também forçou diversos escritórios de advocacia de alto nível a firmar acordos que os obrigam a prestar serviços a causas conservadoras.