O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, nomeou Matt Gaetz, apelidado de “o deputado mais trumpista de Washington” pela imprensa americana, como secretário de Justiça nesta quarta-feira (13).
O órgão é o equivalente ao Ministério Público brasileiro e atua em prol do interesse público americano na aplicação da lei. Sob seu comando estão diversas agências importantes, como o FBI, a polícia federal americana, e o DEA, antidrogas.
Gaetz é um dos maiores críticos à pasta no Congresso. Sua indicação, sujeita à confirmação por um Senado dominado pelos republicanos, é em grande medida explicada pela insatisfação de Trump com seus secretários de Justiça no mandato anterior —enquanto Jeff Sessions permitiu uma investigação sobre os supostos contatos de sua campanha de 2016 com a Rússia, William Barr refutou publicamente as falsas acusações do republicano de que as eleições presidenciais de 2020 foram fraudulentas.
Em comunicado, Trump afirmou que o representante da Flórida na Câmara “vai acabar com o governo aparelhado, proteger nossas fronteiras, desmantelar organizações criminosas e restaurar a fé e confiança profundamente abaladas dos americanos no Departamento de Justiça”.
Gaetz tem um histórico com a pasta —mas como alvo dela. Em 2020, ele foi investigado por ter se envolvido com uma menor de idade anos antes. Ele era suspeito de ter pago por sexo e por financiar o trânsito dela entre estados, o que violaria leis federais de tráfico sexual.
Os promotores desistiram do caso por falta de evidências, mas moveram uma ação contra um amigo de Gaetz à época, o ex-servidor Joel Greenberg, depois que o deputado decidiu colaborar com a investigação. Greenberg acabou sendo condenado a 11 anos de prisão por vários crimes, incluindo o de transportar e pagar uma mulher de 17 anos para fazer sexo com ele e amigos.
Embora tenha se livrado das acusações na Justiça, o deputado republicano é investigado pelo Comitê de Ética da Câmara, por suspeitas de importunação sexual, uso de drogas ilícitas e uso irregular de fundos de campanha.
O processo foi reaberto em 2023, quando o também republicano Kevin McCarthy assumiu a liderança da Casa. Gaetz foi um dos principais responsáveis pela queda do presidente da Câmara meses depois, e há quem diga que ele fez isso para se vingar de seu correligionário por não ter abafado o caso.
O provável novo secretário de Justiça dos EUA começou sua carreira política no seu estado natal, a Flórida, seguindo os passos do pai, o ex-senador Don Gaetz. Nos seis anos em que serviu na Câmara dos Deputados da Flórida, fez acordos bipartidários e votou com os democratas em ao menos uma ocasião.
Uma vez em Washington, no entanto, adotou posturas muito mais divisivas, quando não aparentemente moldadas para causar controvérsia. Em 2018, o deputado levou um negacionista do Holocausto ao discurso do Estado da União, e em 2020, participou de um evento cuja segurança, segundo disse, tinha sido feito pelo grupo extremista Proud Boys.
Mais recentemente, ele afirmou a um grupo de estudantes conservadores que as mulheres que apoiavam o direito ao aborto tinham menos chances de engravidar porque eram pouco atraentes.
A indicação de Gaetz ocorre em um momento em que Trump age rapidamente para montar seu governo, rodeando-se de personalidades fiéis a ele.
Nos últimos dias, ele indicou sua chefe de gabinete, seus secretários do Tesouro e de Estado, e responsáveis por liderar mais de um órgão ligado à questão da migração, central em sua agenda. Até Elon Musk, bilionário dono das empresas Tesla e SpaceX, ganhou um cargo, o de chefe de um inédito Departamento de Eficiência Governamental.
Embora o status da nova pasta não esteja claro, seu objetivo declarado é realizar reformas estruturais de grande porte. Musk compartilhará o posto com Vivek Ramaswamy, ex-adversário de Trump nas primárias do Partido Republicano.