O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a flertar com a ideia de concorrer a um terceiro mandato em conversa com jornalistas nesta segunda-feira (27), dizendo que “adoraria” fazê-lo. A Constituição do país, por meio da vigésima segunda emenda, proíbe qualquer pessoa de ser eleita presidente por mais de dois mandatos —e, diferentemente do Brasil, não importa se eles são consecutivos ou não.
A fala é a mais recente de uma série de alusões e afirmações indiretas feitas por Trump sobre permanecer no poder depois de 2028, quando termina seu período atual na Casa Branca. Em comícios, o presidente tem destacado a presença de cartazes manifestando apoio a um terceiro mandato, e o site oficial da Trump Organization vende bonés com os dizeres “Trump 2028”.
“Eu adoraria fazer isso. Eu tenho as maiores taxas [de aprovação] da história”, afirmou Trump ao ser questionado sobre a possibilidade de concorrer novamente. Ele disse que ainda não chegou a uma decisão a respeito de pedir que a Suprema Corte declare a vigésima segunda inconstitucional —esse seria o caminho mais viável para que Trump possa disputar um terceiro mandato, uma vez que há uma maioria conservadora e simpática ao presidente na Corte hoje.
Outra possibilidade aventada por apoiadores é a de que o republicano concorresse à Vice-Presidência ao lado de um nome subserviente no topo da cédula que concordasse em renunciar no primeiro dia no cargo, tornando Trump presidente novamente. O próprio político, entretanto, descarta a manobra: “Eu poderia fazer isso, mas não vou. Acho que é muito ridículo. Eu descarto a ideia porque é ridícula, e acho que as pessoas não iam gostar disso. Não seria certo””, afirmou nesta segunda.
Além disso, juristas afirmam que outra emenda, a décima segunda, veta a manobra: segundo o texto, “nenhuma pessoa constitucionalmente inelegível ao cargo de presidente [caso de Trump, que não pode mais concorrer] será elegível ao cargo de vice-presidente”.
Uma mudança constitucional, por sua vez, é praticamente impossível: nos EUA, emendas à Carta Magna, que data de 1787, precisam do aval de três quartos dos Estados por meio de votação nos Legislativos locais, e o Partido Democrata controla hoje 19 de 50 deles —bastam 13 para barrar qualquer tentativa de abolir o limite de mandatos.
Outra questão que impacta cálculos sobre uma eventual permanência de Trump no poder é a sua idade. Ao deixar a Casa Branca em janeiro de 2029, quando terá 82 anos e 7 meses, o republicano será o presidente mais velho da história do EUA (Joe Biden deixou o poder com 82 anos e dois meses). Seu estado de saúde já é alvo de especulação: na segunda, por exemplo, Trump confirmou ter realizado recentemente um exame de ressonância magnética, mas não explicou por quê, se limitando a dizer que o resultado foi perfeito.
Exames do tipo têm o objetivo de detectar uma série de doenças, como tumores, problemas neurológicos, ósseos ou cardiovasculares. Trump recebeu um diagnóstico de insuficiência venosa crônica em julho deste ano, e já apareceu em público com manchas na mão e os tornozelos inchados.




